“Não dá para falar em número de casos, não é para ser contado. Nós sequenciamos e testamos muito pouco, então não adianta contar os casos de infectados com a Delta. Não dá para perceber qual é a ponto do iceberg que estamos vendo. Temos que, por amostragem, saber se ela está desbancando a nossa P.1 [variante Gama, que surgiu no Amazonas]. Porque a cepa que apareceu na Índia chegou em lugares onde não tinha uma forte concorrente”, explica Kfouri.
Os pesquisadores ainda não conseguem prever se a Delta conseguirá se sobrepor à amazônica. “Eu, como virologista, e alguns dos meus colegas, nos preocupamos muito mais com a Gama que é muito transmissível; 98% dos casos novos no Brasil são Gama. Acho meio imprevisível que a Delta vai se sobrepor à Gama. Isso ninguém tem elementos para falar”, afirma o virologista José Eduardo Levi, professor do Instituto de Medicina Tropical da USP.
O infectologista Julio Croda, pesquisador da Fiocruz (Fundação Osvaldo Cruz), acrescenta: “Não tem como prever se a Delta vai se disseminar, é uma competição. A cepa chega ao Brasil, tem que ter pessoas suscetíveis. Não sabemos se pessoas que já pegaram a Gama tem alguma proteção, não tem estudo sobre isso. Não tem como prever se ela vai se tornar predominante e quando ela vai se tornar predominante”, observa ele.
A Delta é considerada mais transmissível entre as mutações que surgiram a partir do SARS-CoV-2. Cerca de 3,4 milhões novos casos de covid-19 foram identificados na semana de 12 a 18 de julho e a OMS alertou, na última quarta-feira (21), que ela deve se tornar predominante no mundo nos próximos meses.
“Nesse ritmo, o número acumulado de casos notificados (desde o início da pandemia) em todo mundo deve ultrapassar 200 milhões nas próximas três semanas. A expectativa é que Delta suplante rapidamente as outras variantes e se torne a cepa dominante em circulação nos próximos meses”, informou a Organização.
Fonte: R7