Desde o início da vacinação contra Covid-19 no Ceará, enfermeiros e técnicos de enfermagem enfrentam caminhos tortuosos para garantir a vacinação em todos os idosos do Ceará.
A saga da vacinação contra a Covid-19 no Ceará apresentou cenas emocionantes. Elas mostraram a determinação dos profissionais da saúde e, mesmo com adversidades, as vacinações foram concluídas. Um dos casos ocorreu no município de Pedra Branca, no Sertão Central do Estado. A profissional da saúde Ana Kalini recolheu pedras e assentou uma estrada de terra para conseguir vacinar um idoso de 102 anos.
“O acesso é muito difícil, muito mesmo. E principalmente agora por conta das chuvas. Então, a situação ficou difícil. O carro era uma Hilux, mas mesmo assim a gente ainda não conseguia passar, porque o carro ficava escorregando, descendo. Então, foi o jeito a gente colocar aquelas pedras ali, porque não tinha como voltar, não tinha como fazer retorno”, revela Ana Kalini.
Além da enfermeira, a equipe de saúde era composta por uma assistente de saúde, duas técnicas de enfermagem e o motorista. Os profissionais foram até o Sítio Feijão, na zona rural de Pedra Branca, para vacinar Francisco Henrique de Lima.
Kalini é natural de Iguatu, município no Sul do Ceará, mas trabalha como enfermeira em Pedra Branca há seis anos. A profissional da saúde disse ao G1 que assentar pedras para que o carro da equipe consiga subir faz parte do cotidiano, porque o município é cercado de serras, além das estradas de terra. “Várias vezes. O acesso em Pedra Branca é muito difícil por causa da serra. Não foi a primeira vez”, complementa Kalini.
A enfermeira faz parte do programa Estratégia Saúde da Família, na zona rural de Pedra Branca, com mais de três mil pessoas no Sítio São José. Mas por conta do atendimento descentralizado, ela acabava atendendo em outros pontos da zona rural.
“Agora deu uma parada porque desde o início da pandemia, a gente não faz mais o atendimento descentralizado”, revela Kalini, sobre as situações onde tem de recorrer a estratégias como a mostrada no vídeo, revelando que os casos diminuíram, mas não cessaram”, afirmou.
Vacinação de barco
Em Potengi, na Região da Ibiapaba, a farmacêutica Luíza Mayanne Evangelista Rodrigues, 32, teve que recorrer a um barco para vacinar um idoso de 70 anos. De acordo com Luíza Mayanne, nunca passou por sua cabeça realizar uma imunização de barco.
“Vamos de canoa mesmo, não podemos parar a vacinação”, disse Luíza, que também é coordenadora de Atenção Básica e Imunização do Município. Com auxílio do canoeiro Jacó Oliveira, a farmacêutica e a agente de saúde, Eliane Oliveira da Silva, atravessaram o açude na localidade de Alecrim e foram ao encontro do idoso Francisco Alves Freire, de 70 anos. “Tive medo”, confessa Luíza, “mas fui, nossa missão é maior que nossos medos”, pondera.