Conheça mulheres que trabalham pela educação do Ceará

Quem frequentou escola durante os anos da educação básica, muito provavelmente, tem guardadas lembranças marcantes de alguma professora. O mais comum, entretanto, é que várias educadoras estejam registradas na memória afetiva de cada um. Não à toa, a presença feminina no ambiente de ensino e aprendizagem é tão expressiva. O protagonismo das mulheres nesta área se faz notar não apenas pelas maneiras com que realizam seu trabalho, com sensibilidade e devoção à prática pedagógica, muitas vezes, como também pelos números: grande parte dos profissionais ligados à educação é formada por mulheres. Não só ensinando, diretamente, mas também na diretoria, na coordenação e na produção da merenda escolar, por exemplo, elas deixam sua marca. E nas atividades administrativas, para que toda a engrenagem funcione, ocorre da mesma forma.

Nas escolas da rede pública estadual cearense, existem 355 diretoras, 962 coordenadoras, 11.659 professoras e 2.729 servidoras em funções diversas. Nas Coordenadorias Regionais de Desenvolvimento da Educação (Crede) e Superintendência das Escolas Estaduais de Fortaleza (Sefor), encontram-se 13 coordenadoras e 142 funcionárias. Na Secretaria da Educação (Seduc), à frente de alguns setores, estão outras 10 mulheres. E há, ainda, mais 250 trabalhadoras exercendo suas funções na sede da instituição.

Além disso, a gestão da própria Secretaria está sob a liderança feminina. Eliana Nunes Estrela assumiu a função em janeiro de 2019 e tem como uma das principais bandeiras a defesa do protagonismo estudantil e a construção de boas relações nas escolas. Há, ainda, as secretárias executivas Jussara Batista e Rita Colares, respectivamente de Gestão da Rede Escolar e Planejamento e Gestão Interna, que também atuam dando suporte direto à administração do órgão.

“Ser mulher e estar à frente da Secretaria da Educação é, ao mesmo tempo, um desafio e motivo de muito orgulho. A rede estadual de ensino é formada por muitas mulheres fortes, corajosas e, acima de tudo, competentes nas áreas que ocupam. Sem dúvida o olhar cuidadoso e o comprometimento diário destas mulheres são fundamentais para o sucesso da nossa educação cearense”, considera Eliana.

Giovanna Rachele dos Santos, de 15 anos, é aluna da 2ª série na Escola de Ensino Médio em Tempo Integral (EEMTI) Matias Beck, em Fortaleza. A jovem faz parte do grêmio estudantil e observa que nos eventos organizados na unidade de ensino, “as meninas destacam-se em dedicação e interesse na participação”.

“Falar sobre o protagonismo feminino, não só no âmbito escolar, mas em todos os lugares onde há presença feminina, é de suma importância. E na escola onde estudo, entendemos essa importância e damos o real valor a situações que envolvem meninas. Estou estudando e me dedicando para que em anos futuros eu adquira minha independência, possa ter uma melhor qualidade de vida e proporcionar isso a minha família. Espero ingressar em uma universidade pública e almejo Medicina”, explica.

A coordenadora de Diversidade e Inclusão Educacional da Seduc, Nohemy Rezende, entende que as mulheres vêm conseguindo conquistar espaço crescente na ciência e no mundo do trabalho. Para a professora, apesar de importantes, as conquistas ainda não correspondem à valorização que seria devida a elas e, por isso, é necessário lutar pela consolidação e ampliação de horizontes.

“De sujeitos caracterizados como frágeis, sensíveis, afeitos exclusivamente ao lar e aos cuidados maternos, as mulheres construíram um novo olhar sobre si mesmas. Ultrapassaram padronizações de comportamentos, ocuparam um outro lugar de fala e de ação e se reconheceram como sujeitos da cultura, em que a igualdade de gênero ainda é conquista em curso. Na educação, as mulheres têm despontado não apenas como professoras e educadoras, mas como pesquisadoras, gestoras, inspiradoras, e produtoras de conhecimento”, ressalta Nohemy.

Histórico

A primeira mulher que administrou a Seduc foi Maria Antonieta Cals de Oliveira, em 1966. A professora, conhecida carinhosamente como dona Toni Cals, era educadora dedicada e empenhou toda a vida à causa da educação cearense. Em 1991, as mulheres estavam no comando novamente com Maria Luiza Chaves, mestre e doutora em Educação. Maria Luiza seguiu atuando na área, até os 77 anos, demonstrando disposição inabalável. Foi secretária da Educação do Estado do Ceará durante quatro anos e também esteve à frente da Secretaria Municipal de Educação de Fortaleza (SME).

A professora e pós-doutora em Filosofia Sofia Lerche Vieira foi titular da Educação em 2003, quando colaborou com a modernização do processo de gestão e a expansão do Ensino Médio nas localidades rurais e urbanas. Em 2007, a psicóloga e professora Maria Izolda Cela de Arruda Coelho levou o Estado a ser referência em Educação em todo o País. Atualmente, destaca-se como a primeira vice-governadora do Ceará.