O projeto para implantação de uma usina de dessalinização com o objetivo de diversificar a matriz hídrica de Fortaleza segue a pleno vapor. Após execução de consulta e audiência pública acerca dos processos relativos à planta, o edital para construção e operação da usina deverá ser lançado no início de 2020.
A usina dessalinizadora que vai diversificar a matriz hídrica de Fortaleza e Região Metropolitana (RMF) está cada vez mais perto de colocar o Ceará à frente das soluções em dessalinização de água marinha para consumo humano. Após uma série de etapas relacionadas ao escopo do projeto, o edital que trata da concessão propriamente dita da usina passou no último mês por consulta e audiência pública, e segue para a análise pelo Tribunal de Contas do Estado do Ceará (TCE), com estimativa de conclusão para o fim deste mês de dezembro.
A área para a locação da usina, um dos principais pontos do projeto, também foi definida: se localizará na Praia do Futuro, um dos cartões-postais da cidade. De acordo com o cronograma, deve ser lançado até o final de janeiro de 2020.
“Com o agravamento da situação hídrica no estado do Ceará, iniciamos esse projeto, tudo muito bem estruturado. Além dos 15 estudos e projetos elaborados por empresa contratada, também seguimos diretrizes do Governo do Ceará, por meio da Secretaria dos Recursos Hídricos, mas também do município de Fortaleza por meio do projeto Fortaleza 2040”, explica Neuri Freitas, diretor-presidente da Cagece.
Diversificação da Matriz Hídrica do Estado
A não dependência das chuvas é uma grande vantagem do sistema de dessalinização, mas vale destacar que outro benefício é o alívio que proporciona para as reservas hídricas dos mananciais atualmente usados no macrossistema de Fortaleza e RMF: Pacoti, Riachão e Gavião. Além disso, a dessalinização de água marinha já é uma realidade em vários outros países do mundo, com situação hídrica semelhante a do Ceará.
De acordo com o secretário de Recursos Hídricos do Ceará, Francisco Teixeira, a tendência é que cada vez mais se parta para esse tipo de opção. “Em nossas soluções hídricas para o Ceará, temos que levar em conta a garantia de água sem chuva e diminuição do risco. Para isso, temos que trabalhar com diversas fontes. A rigor, a planta de dessalinização será acionada nos momentos de interrupção dos mananciais principais, que no nosso caso são desencadeados pela falta de chuva. Cada vez mais o futuro olha para esses tipos de sistema”.
Saiba mais
Apesar de não ser a primeira, a usina será a maior do Brasil em extensão e em produção de água. Em Fernando de Noronha, por exemplo, a usina dessalinizadora já fornece 40% da água utilizada no arquipélago. A produção, no entanto, está atualmente em 18 m³/h.
A dessalinização já tem se destacado no Ceará como opção de abastecimento humano. Os sistemas, no entanto, tratam-se de estruturas pequenas, implantadas em 34 municípios do interior do estado. A usina que será implantada em Fortaleza, entretanto, será uma estrutura consideravelmente maior.
A opção de água dessalinizada está crescendo no mundo inteiro como opção de diversificação da matriz hídrica, primeiramente porque produz água com elevada qualidade, que atende minimamente aos padrões de potabilidade.
Infográfico:
Etapas da planta de dessalinização de água marinha
Pessoas beneficiadas: 720 mil
Local da usina: Praia do Futuro
1 – Edital para Consulta Pública de Estudos de Viabilidade
2 – Conclusão, análise e adequação de todo o material de estudos pela Cagece
3 – Audiência pública para apresentação, discussão e obtenção de contribuições acerca dos serviços de concessão e construção da usina
4 – Análise e submissão dos documentos pelo Tribunal de Contas do Estado do Ceará (TCE), para então ser aberto o processo de licitação
5 – Lançamento do Edital de Construção e Operação da Usina