Representantes de estados do Nordeste assinaram, nesta quarta-feira (6), a Declaração do Recife, documento que apresenta diretrizes de desenvolvimento sustentável para o poder público, empresas e a sociedade civil. A assinatura ocorreu durante a Conferência Brasileira de Mudança do Clima, que acontece no Recife até sexta-feira (8).
Elaborado por entidades públicas e privadas, organizações não governamentais e acadêmicos, o documento apresenta metas para priorizar o cumprimento da agenda de descarbonização até 2030 e para zerar a emissão em 2050.
“A carta traz compromissos diferenciados para cada um dos atores. Para os empresários, um deles é o limite do aumento da temperatura a 1,5°C. Para os governos, a gente sugere planos de adaptação e mitigação dos gases do efeito estufa. A sociedade civil tem a missão de monitorar esses compromissos assumidos e a academia tem o papel de olhar para as carreiras do futuro e incorporar no ensino básico a educação climática”, afirmou a coordenadora de projetos ambientais no Instituto Ethos, Flávia Resende.
A Declaração do Recife está disponível na internet e pode ser assinada por outros governos estaduais e entidades privadas. “Temos que ter a capacidade, como governantes, de juntar todas as agendas para garantir o desenvolvimento sustentável, em que o meio ambiente esteja junto com práticas [industriais e sociais]”, declarou o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB).
Ainda na Conferência, a Associação Brasileira de Entidades Estaduais do Meio Ambiente (Abema) apresentou a Carta dos Órgãos Estaduais de Meio Ambiente pelo Clima, que ratifica os impactos do clima nas escalas regional e local. O documento foi assinado por instituições dos 26 estados e do Distrito Federal.
“A mudança do clima traz impactos para toda a sociedade e enfrentar esse desafio é uma tarefa de todos os governos. Nós aliamos 48 órgãos estaduais, fundações e autarquias para assinar esse documento. Na carta, há 17 compromissos e princípios, como o fomento ao aproveitamento energético dos prédios públicos”, disse o presidente da Abema, Germano Vieira.
Ainda durante o evento, o prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), assinou um decreto reconhecendo a emergência climática global no município, apontado como o 16° mais vulnerável às mudanças climáticas do mundo, segundo o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês).
“A gente já vive uma emergência climática e há um ato político importante de reconhecimento dessa situação que está sendo feito por cidades e entidades do mundo inteiro. O Recife se junta a eles fazendo essa decretação e, junto disso, estabelecendo metas para 2030 e 2050”, contou Geraldo Julio.
O governo federal não enviou representante para o evento, que precede a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2019 (COP25), em Madri, na Espanha. Segundo a organização da Conferência Brasileira de Mudança do Clima, ela surgiu porque, em 2018, a União retirou a candidatura para que o Brasil sediasse a COP25.
Fonte: G1.com