Foi sancionada em Itaparica, na região metropolitana de Salvador, uma lei que proíbe a exploração comercial da Ilha do Medo. A lei, cuja sanção foi publicada na última sexta-feira (5), no Diário oficial do Município, revoga uma outra, aprovada em dezembro de 2016, que autorizava a exploração comercial da ilha.
Desde 1991 que a Ilha do Medo era considerada uma estação ecológica, que é uma unidade de conservação de proteção integral e que tem como objetivo a preservação da natureza e a realização de pesquisas científicas. A lei que transformou a ilha em estação ecológica determinava que o local só poderia ser usado para fins científicos, de pesquisas e educacionais.
De acordo com a Prefeitura de Itaparica, a lei de dezembro de 2016, que autorizava a exploração comercial da ilha, colocava em risco todo o ecossistema da região. O biólogo Diogo Nunes de Oliveira diz que o meio ambiente na Ilha do Medo seria alterado com a menor mudança no local. “Esta é uma região que as espécies utilizam de forma interligada. Então, mesmo que eu não degrade o ambiente marinho, mas eu degradando a costa, altera as espécies que estão alí”, explica.
Após ser aprovada, a lei que permitia a exploração da ilha por entidades com fins lucrativos chegou ao Ministério Público da Bahia (MP-BA). Durante as investigações, o MP-BA descobriu a existência de um projeto para a construção de um spa no local, que iria realizar terapias com água do mar. Atualmente, o MP-BA está apurando as responsabilidades sobre o projeto.
Segundo a Prefeitura de Itaparica, com a lei sancionada na última semana, a Ilha do Medo permanece como estação ecológica. Em nota, a administração municipal diz que “a permissão para a exploração ambiental e turística sustentável será precedida de criteriosa análise técnica do poder público municipal, especialmente o treinamento histórico, cultural e de manejo, bem como o cadastramento dos técnicos, dos guias e da equipe de apoio”.
Ilha do medo
A Ilha do Medo, que não é habitada, é a menor entre as 56 ilhas da Baía de Todos-os-Santos. Lá estão as ruínas de um antigo casarão, onde no século 19 funcionava um leprosário. Os moradores das ilhas que tinham doenças incuráveis eram levados para o casarão, onde ficavam isolados do resto da população até morrer.
O nome da ilha teria surgido por conta do casarão, de onde antigos moradores contam que conseguiam escutar os gemidos dos doentes; e de uma outra história, que diz que os índios tupinambás que viviam na região usavam a ilha para rituais e oferendas da tribo. Moradores de Itaparica dizem que as pessoas se assustavam ao escutar os gemidos dos doentes e o som dos rituais indígenas.
g1