A falta de postura do presidente e a dificuldade com articulação política foram as maiores críticas ao governo
Incitados a responder livremente (não foram dadas opções) o que o presidente teria feito de melhor até então, 39% dos entrevistados responderam “nada”.
Esse percentual sobe para 45% entre mulheres e pessoas com apenas o ensino fundamental, para 46% entre negros, para 47% no Nordeste, para 52% entre adeptos de religiões de matrizes africanas e para 76% entre quem avalia o governo como ruim ou péssimo.
Entre os que afirmam que votaram em Bolsonaro no segundo turno, 17% disseram não ter nada a destacar de muito positivo.
Dos entrevistados que responderam, 8% consideram que houve avanços na segurança, 7% mencionaram a reforma da Previdência, 4% afirmam que houve combate à corrupção e 4% citaram os decretos de flexibilização do posse e porte de armas. O fim do horário de verão foi apontado por 1%.
Os que mais se referiram à segurança como o melhor do governo foram os homens e habitantes do Norte e do Centro Oeste (11%) e os partidários do PSDB (20%).
Por outro lado, quando questionados o que Bolsonaro teria feito de pior, 18% disseram que nada. Esse número passa para 22% entre os evangélicos, para 24% na região Sul, para 25% entre os amarelos e os que têm 60 anos ou mais e para 36% entre os que avaliam o governo como ótimo ou bom.
Os decretos das armas aparecem em primeiro lugar entre as iniciativas ruins, mencionados por 21% dos entrevistados. O repúdio é maior entre os negros (25%), quem avalia o governo como ruim ou péssimo (27%) e espíritas (28%). Logo em seguida na lista de piores medidas vêm reforma da Previdência (12%) e imagem pública (9%) -este último quesito inclui declarações consideradas desnecessárias, uso de palavras ofensivas, postura em relação aos filhos e articulação política. Outros 3% elegeram os cortes de verbas na educação e 1% citaram racismo ou homofobia e aumento do desemprego, entre outras respostas.
A pesquisa ouviu 2.086 pessoas com mais de 16 anos, em 130 cidades. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, e o índice de confiança é 95%.
Essa última pesquisa do Datafolha indicou a consolidação de uma divisão política do país após seis meses do governo de Bolsonaro. O Brasil está rachado em três.
Para 33%, o presidente faz um trabalho ótimo ou bom. Para 31%, regular, e para outros 33%, ruim ou péssimo. Com variações mínimas, é o mesmo cenário que se desenhou três meses atrás, no mais recente levantamento do instituto.
Com isso, Bolsonaro se mantém como o presidente em primeiro mandato com a pior avaliação a esta altura do governo desde Fernando Collor de Mello, em 1990.