‘A gente tira a sedação e ela demonstra consciência’, diz médica sobre jovem queimada com líquido corrosivo

A jovem Mayara Estefanny Araújo, que sofreu queimaduras após ser atingida por um líquido corrosivo, apresenta melhora no quadro clínico, mas continua em estado grave e respirando com a ajuda de aparelhos na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital da Restauração (HR), no Centro do Recife. Segundo o hospital, ela mantém “certo grau de consciência” quando o sedativo diário é retirado.

“A gente tira a sedação e ela demonstra consciência. Ela tenta se mexer e isso não é interessante. Uma vez que ela não assume a ventilação sozinha, a gente seda”, afirma a chefe da UTI Adulta do HR, Fátima Buarque, sobre a paciente de 19 anos.

Mayara está internada desde a noite da quinta (4), quando o crime foi cometido em Nova Descoberta, na Zona Norte da cidade. Segundo a polícia, em 19 dias, ela registrou três queixas contra o ex-companheiro, que foi preso na segunda (8). Suspeito de envolvimento na agressão, um amigo dele já havia sido preso na sexta (5).

De acordo com a médica, Mayara chegou ao hospital 30 minutos após a agressão com parte da cabeça, mãos, tórax e perna queimados. “Cerca de 10 minutos após o atendimento, ela já não conseguia nem falar”, conta.

A paciente, de 19 anos, não tem comprometimento renal, mas segue com insuficiência respiratória. “O pulmão dela ainda está comprometido pela inflamação consequência desse processo e a gente está muito confiante na recuperação dela. […] Estamos analisando se, dentro de 10 a 15 dias, será necessário fazer uma traqueostomia”, afirma a médica.

A quantidade de pele perdida na agressão é o principal dano e a prioridade é manter a paciente viva, para posteriormente avaliar a possibilidade de ser realizado um transplante de pele, segundo a médica. “A perda hídrica é muito grande. O desafio é que não haja inflamação em nenhuma parte do corpo. Em alguns membros, já é possível notar cicatrização”, diz.

De acordo com a médica, a evolução do quadro clínico da paciente acontece conforme o esperado devido ao tempo em que ela está internada.

“É uma evolução dentro do tempo. Não houve piora, mas também não teve uma melhora acentuada. Ela é jovem, então a probabilidade de ela recuperar os tecidos é muito melhor do que uma pessoa de 70 anos. Ela tem essa força, essa energia interna e positiva de que vai conquistar, isso é muito interessante”, diz.

De acordo com o HR, exames iniciais apontaram que o líquido corrosivo jogado na jovem era soda cáustica. Segundo a Polícia Civil, a substância utilizada foi ácido sulfúrico, mas o resultado da perícia ainda não foi divulgado.

Como a visão da jovem foi afetada pela substância corrosiva, ela é acompanhada diariamente por médicos na Fundação Altino Ventura. “Independente de haver lesão de córnea, já foi iniciado um tratamento para que as sequelas sejam as menores possíveis”, conta a médica.

Fonte: g1.com