A segunda-feira (15) estava só começando e a Avenida Ministro Geraldo Barreto Sobral, na Zona Sul de Aracaju, gradativamente ganhava movimento com o vai e vem dos veículos, quando Paulo Roberto Brito de Oliveira, 27 anos, viu o local como uma oportunidade para chamar atenção para seu desemprego.
Sob o viaduto, o rapaz segurou um cartaz com a frase: “Preciso de Emprego”, junto com o número do celular para os que se sentissem solidarizados com a ação pudessem ligar e acabar com o sofrimento de quem está desempregado há cerca de dois, quando perdeu o emprego de porteiro em uma construtora da capital.
Paulo é pai de duas filhas, uma de sete anos e outra prestes a completar o ‘primeiro aninho’. Elas vivem com a mãe e Paulo com os avós em uma casa localizada a poucos metros do local onde passou mais de 1 hora.
“Cheguei ao ponto de não mais saber o que fazer. Usei minha fé e fiz isso. Não é vergonhoso não ter um trabalho. No momento não tenho como pagar a pensão das minhas filhas. Meus avós, um deles aposentado, é quem ajuda”, revela.
Enquanto a estabilidade financeira com a carteira assinada não chega, Paulo faz de tudo um pouco. Já trabalhou como soldador, depois em uma loja de açaí, entre outros. “Ultimamente as coisas só pioram. Bato nas portas, faço seletivas e nada”, lamenta.
O cartaz do aracajuano não apresenta o currículo, mas Paulo tem cursos nas áreas de telemarketing, vigilante, supervisor, porém todos vencidos. “Não tenho dinheiro para fazer a reciclagem”, desabafa.
O ex-porteiro completou o ensino médio no Colégio Estadual Costa e Silva e sonha em entrar na faculdade. “Primeiro quero me estabilizar e ajudar as minhas filhas. Depois vou estudar pra concurso e quero fazer educação física”, revela.
A cena foi vista por um empresário, que pegou o contato do rapaz e contratou para trabalhar numa empresa para conserto de motocicletas.
Solidariedade
O gesto do rapaz chamou a atenção da cirurgiã-dentista Gabriela Montenegro, que estava a caminho do trabalho e ficou sensibilizada com o que viu. Ela registrou a cena e postou a imagem de Paulo segurando o cartaz em uma rede social. Em poucas horas, a foto viralizou.
“Tinham muitos carros, mas depois que vi o Paulo, não tinha como seguir o caminho do trabalho. Fiz o retorno e fui falar com ele pra tentar entender o que estava acontecendo. Ele contou a história, pedi autorização pra fazer as fotos e tentar ajudá-lo. Aquilo me comoveu bastante. Quando vi um menino tão jovem daquele jeito, não iria conseguir trabalhar sem pelo menos ajudar de alguma forma”, conta.
Fonte: G1.com
