Contrariando estatísticas sociais e de acesso à educação, Antônio Rogério Bié de Moura, 18, tem muito o que comemorar. Filho de agricultores e crescendo em um assentamento rural no município de Santa Quitéria, no Ceará, o jovem é o primeiro de sua família a ingressar numa universidade.
O agora aluno do curso de comunicação social – jornalismo, da Universidade Federal do Ceará (UFC), faz parte dos 20.207 estudantes da rede pública do estado a chegar ao ensino superior em 2018. O total representa um aumento de 19,5% em relação a 2017.
O estudante conta que há pouco tempo isso sequer parecia ser algo possível. Filho de pais que não terminaram o ensino fundamental e o terceiro irmão de um total de seis filhos, Rogério cresceu numa realidade na qual as pessoas tinham baixas perspectivas de futuro, aonde muitos abandonavam a escola pela necessidade de trabalhar.
“Da realidade de onde eu vim, as pessoas não tinham grandes oportunidades. A gente sequer sonhava em terminar o ensino médio, muito menos ouvir a palavra universidade. Então, realmente é um sonho realizado e uma lição, de que independentemente de onde você venha, é possível conseguir grandes coisas”, comenta.
Segundo afirma, sua trajetória alavancou após ingressar numa escola de educação profissional de Santa Quitéria, quando passou a enxergar um mundo de novas oportunidades. Ciente de que poderia chegar longe, usou as dificuldades como motivação na busca dos sonhos. “No interior é tudo mais difícil. Na minha casa, por exemplo, não tinha internet, não tinha nem computador. A escola fez muita diferença no meu Ensino Médio, pois eu sempre ficava até tarde no laboratório para estudar”, relata.
Em meio aos estudos durante o 3º ano do ensino médio, o jovem ousou voos altos, se inscrevendo no programa Jovens Embaixadores, iniciativa da embaixada dos Estados Unidos no Brasil, que seleciona, anualmente, jovens exemplos de liderança em suas comunidades para um intercâmbio de três semanas nos Estados Unidos.
Após um rigoroso processo de avaliação, foi um dos 50 jovens selecionados dentre mais de 17 mil candidatos. Foi durante seu treinamento nos Estados Unidos que Rogério recebeu o resultado do Enem. Entre as surpresas, o resultado da redação, que atingiu 940 pontos.
“Eu escolhi jornalismo por sempre ter gostado de me comunicar com as pessoas, de saber a história delas e também de levar a informação de uma forma democrática, principalmente para aquelas que não têm acesso. Aliar educação e informação é exatamente como me vejo trabalhando no futuro”, conclui.
Fonte: G1.com