Anunciado por Jair Bolsonaro como futuro ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez afirma que aplicará na pasta um dos lemas do presidente eleito ainda durante a campanha: menos Brasília e mais Brasil.
Em texto publicado em seu blog em 7 de novembro, o professor diz que vai refundar o ministério no sentido de valorizar a educação para a vida e cidadania a partir dos municípios.
“Menos Brasília e mais Brasil”, inclusive no MEC. Essa seria a minha proposta, que pretende seguir a caminhada patriótica empreendida pelo nosso presidente eleito.
Assim como Bolsonaro, Vélez Rodríguez critica Antonio Gramsci e Paulo Freire. Ele se define como professor e intelectual que “pensa nos paradoxos estratégicos do Brasil” e que por isso sempre defendeu a candidatura de Bolsonaro.
“Graças a Deus o nosso candidato saiu vencedor, numa campanha agressiva em que foram desfraldadas inúmeras iniciativas de falseamento das propostas e de fake news, e em que pese o fato de que ele próprio tivesse de pagar um preço alto com a facada de que foi vítima em Juiz de Fora, desferida por um complô do crime organizado com os radicais de sempre”, escreveu no post cujo título é “Um roteiro para o MEC”.
“Aposto, para o MEC, numa política que retome as sadias propostas dos educadores da geração de Anísio Teixeira, que enxergavam o sistema de ensino básico e fundamental como um serviço a ser oferecido pelos municípios, que iriam, aos poucos, formulando as leis que tornariam exequíveis as funções docentes”, defendeu no texto.
Sem citar nomes, ele criticou cotados para Educação após a eleição de Bolsonaro.
Segundo ele, alguns deles representavam “a perpetuação da atual burocracia gramsciana que elaborou, no Inep, as complicadas provas do Enem, entendidas mais como instrumentos de ideologização do que como meios sensatos para auferir a capacitação dos jovens no sistema de ensino”. Ele também criticou indicações que defendiam interesses financeiros na educação.
O futuro ministro da Educação já relatou que enxerga “um grande aparelhamento lulopetista” nas universidades e no ensino básico, que segundo ele foram tomados pelo pensamento de esquerda.
“Os liberais [nas universidades] são bicho raro, bicho raro que é xingado. Eu, como sou descendente de hispânicos, gosto da briga e parto para o ataque. A melhor forma de lutar contra esses calhordas é partindo para o ataque e dando chute na canela. Todo mundo me conhece na universidade por isso, eu sou de briga, entro na briga, não tenho medo deles”, disse Vélez Rodríguez, em 2013, em entrevista a um podcast do Instituto Mises Brasil, ligado ao pensamento liberal.
Essa postura, em suas palavras, fez com que fosse marginalizado por agências financiadoras de pesquisas. Nesse podcast, Vélez Rodríguez conta que já foi barrado de participar de bancas de defesa de trabalhos acadêmicos em universidades como a Unicamp.
Além disso, diz que a criação do Foro de São Paulo nos anos 1990 “marca a tomada dos aparelhos de educação por parte da esquerda delirante”, que tentou fazer da América Latina “o terreno livre para a vida do cadáver insepulto do comunismo”.
Afirma, também, que houve um processo de domínio da ideologia marxista nas escolas secundárias com base nas ideias de Paulo Freire, que pare Vélez Rodríguez foi “grande pedagogo dentro da ideologia marxista-gramsciana”.
Marxismo de que o próprio acadêmico diz ter se libertado. Ainda nessa entrevista ao Instituto Mises ele conta que escreveu uma carta “de punho e letra” ao general João Figueiredo, último presidente da ditadura militar, tratando de financiamento estudantil.
“General, sou interessado em estudar o pensamento brasileiro. Não sou marxista, me libertei disso e quero hoje fazer um estudo aprofundado do pensamento político brasileiro. Me ajude. Nunca tive resposta”, relatou.
Vélez Rodríguez começou a carreira acadêmica no Brasil nos anos 1970, quando ingressou no mestrado em Filosofia pela PUC-RJ. Defendeu a dissertação “A Filosofia Política de Inspiração Positivista no Brasil”, orientada por Antônio Ferreira Paim. Completou o doutorado em 1982 pela Universidade Gama Filho, sobre o jurista e historiador Oliveira Vianna.
O futuro ministro é professor da Universidade Federal de Juiz de Fora e, desde 2007, mantém blogs em que publica desde poemas, fotos familiares e textos sobre ondas gravitacionais até comentários sobre política e o noticiário.
Em 28 de outubro de 2017, defendeu Michel Temer (MDB) e criticou o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, que ofereceu duas denúncias no ano passado contra o atual presidente.
“A minha posição é clara: deixem o Temer concluir o seu mandato-tampão, estabelecido à luz do que a Constituição e as leis mandam. Se ele tiver algo a responder perante a Justiça pelo seu desempenho político anterior à chegada ao Planalto, que o faça logo assim que terminar o seu mandato em 2019. O que os militantes estão tentando, há meses a fio, é inviabilizar um governo de transição legitimamente constituído, para ‘pescar em águas turvas’”, escreveu no blog “Cosmologia I”, uma de suas páginas.
Sobre Janot, disse que o ex-procurador cedeu “à tentação da mosca azul do poder” ao denunciar Temer.”Janot achou que os brasileiros somos otários e que se sairia bem com a sua ópera bufa. Amargará as consequências que a opinião pública lhe obrigará a engolir nos próximos anos. A lei existe e é para todos, inclusive para Janot e comparsas.” Com informações da Folhapress.
Fonte: notícias ao minuto