Paulo Sérgio Ferreira de Santana, preso susopeito de assassinar o mestre capoeirista Moa do Katendê, foi transferido na quarta-feira (10) para o Complexo Penitenciário da Mata Escura, em Salvador, onde cumprirá prisão preventiva.
Moa morreu após ser atacado a facadas, na madrugada de segunda-feira (8), após uma discussão política na capital baiana.
Segundo informações da Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap), Paulo Sérgio está no Centro de Observação Penal (COP), onde passará por triagem com psicólogo, médico e verificação de documentação, para então ser encaminhado para a alguma unidade do Complexo da Mata Escura.
Ainda de acordo com a Seap, essse é o procedimento padrão para todo detento que chega ao local.
Paulo teve a prisão preventiva decretada na terça-feira (9), após audiência de custódia, e vai aguardar o julgamento no presídio.
Manifestação e depoimento
Grupo fez homenagem no Pelourinho para Moa — Foto: Miro Filho/TV Bahia
Um grupo de familiares e amigos do mestre de capoeira Moa do Katendê fizeram uma manifestação e o homenagearam, na noite de quarta-feira, no bairro do Pelourinho, no Centro Histórico de Salvador. O grupo pediu justiça pela morte do capoeirista.
Vestidos de branco, os manifestantes fizeram uma grande roda de capoeira no Largo do Pelourinho. Em seguida, com cartazes e placas, o grupo percorreu ruas do Centro Histórico. O ato começou por volta das 18h e durou mais de 2h.
O mestre de capoeira tinha 63 anos e foi morto após afirmar que era contra o candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL) e que tinha votado no PT. O primo dele, Germínio do Amor Divino Pereira, 51 anos, também ficou ferido no ataque, mas já teve alta médica.
Somanali Costa, filha do mestre Moa, foi ouvida pela polícia nesta quarta-feira (10), em Salvador — Foto: João Souza/ G1
Na tarde de quarta, a filha de Moa do Katendê, Somanali Costa, prestou depoimento na sede do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no bairro da Pituba. Antes de ser ouvida, ela falou com a imprensa e contou que o pai era uma pessoa calma, que não tinha histórico de briga.
“A gente espera que a justiça seja feita, porque ele [suspeito] tirou a vida de um pai de família, um inocente. Meu pai não tinha envolvimento em confusão nenhuma. Se fizer uma sindicância no bairro em que ele morava, vai ver o grande homem, o mestre de capoeira, mestre Moa do Katendê. Ele só queria educar as pessoas, trabalhar com os alunos dele. Desculpa não vai trazer a vida de meu pai de volta, não vai formalizar aquela família, que estava bonita. Uma felicidade que a gente estava”, disse Somanali.
Homenagens
Gil fez postagem em tributo a Moa na manhã desta terça — Foto: Reprodução/Instagram
Romualdo Rosário da Costa, mais conhecido como mestre Moa, era compositor, dançarino capoeirista, ogã-percussionista, artesão e educador na propagação afro-brasileira.
O músico baiano Gilberto Gil usou as redes sociais na terça-feira para homenagear a vítima. O cantor destacou em uma publicação pelo Instagram, a contribuição cultural do capoeirista.
Na segunda-feira, os cantores Caetano Veloso e Daniela Mercury também fizeram homenagens ao mestre. Na quarta, o cantor e compositor Chico César também o homenageou.
Caso
Moa do Katendê foi morto a facadas — Foto: Reprodução/Facebook
Segundo informações da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), Paulo Sérgio reagiu com violência após ouvir o mestre de capoeira afirmar que o grupo com o qual ele estava votava no PT. Em seguida, Paulo saiu do bar e foi em casa, onde pegou uma faca do tipo peixeira e depois retornou para o local onde Moa estava e esfaqueou o capoeirista.
O suspeito fugiu por um beco, mas foi preso pela Polícia Militar logo após o crime. Os PMs foram acionados por testemunhas. Segundo a polícia, em depoimento, o suspeito afirmou que entrou em luta corporal com o mestre de capoeira antes de esfaquear a vítima.
“Ele [Paulo Sérgio] disse que no momento em que ele voltou para o bar, ele se embolou com a vítima. As testemunhas não confirmam essa versão. Inicialmente, eles discutiram por divergência política”, disse a delegada Milena Calmon.
Ainda conforme a polícia, o suspeito ainda disse que foi xingado e que estava consumindo bebida alcoólica desde o início da manhã de domingo. A polícia informou que ele disse que estava arrependido de ter cometido o crime.
Fonte: G1