No início da manhã, os competidores já mostraram que não faltaria para material para coletar nas águas do Capibaribe. Barcos estavam cheios de móveis, restos de brinquedos, garrafas plásticas e pneus.

“Já peguei até bacia sanitária no Capibaribe. Aqui não tem mais peixe”, afirmou o pescador conhecido como Major. Ele estava entre os inscritos na competição desta sexta.

A ação faz parte de um projeto denominado “A Gosto pelo Capibaribe”. Realizada há 10 anos, a iniciativa conta com a participação das organizações Recapibaribe e Rotaract Club.

Segundo a coordenadora da ONG Recapibaribe, Socorro Cantanhêde, a ideia é mostrar a situação de abandono do rio, que está cheio de esgoto e lixo. “O rio é um shopping. Tem de tudo”, afirmou Socorro, referindo-se a uma grande quantidade resíduos diferentes retirados anualmente.

Para Camila Velloso, da Rotaract Club, o importante é alertar a população para a necessidade de evitar a sujeira no rio. “Não adianta só limpar. A população tem que se conscientizar sobre esse problema e não jogar lixo na água”, afoirmou.

Os competidores ganharam camisas do evento e equipamentos de proteção indivuidual. Com o dinheiro arrecadado pelos organizadores, foram compradas também cestas básicas para as famílias dos pescadores.

Os participantes recebem diárias e concorrem a preêmios em dinheiro. Os organizadores oferecem R$ 500 para o primeiro lugar, R$ 300 para o segundo colocado, e R$ 200, para o terceiro.

Os pescadores começaram a retirar o lixo do Capibaribe após o café da manhã no Capibar, na Zona Norte do Recife. Uma balança emprestada pela Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb) foi colocada em uma rampa perto do Sport Club do Recife, na Zona Oeste.

Caminhões da Emlurb também fazem a compactação do lixo recolhido. No final do dia, vencem os pescadores com a maior quantidade de lixo recolhido. A meta mínima de cada um é de 200 quilos.

O rio é uma dos cartões-postais mais conhecidos do Recife. Tem 240 quilômetros de extensão e corta 42 municípios de Pernambuco. O curso d-água nasce na Serra de Jacarará, no município de Poção, no Agreste, e deságua na Bacia do Pina, no Oceano Atlântico.