A Coordenação de Cultura da Prefeitura de Várzea Alegre se reuniu nesta tarde de terça-feira, dia 14, com a chefia de gabinete do Governo Municipal para organizar a XIII Caminhada à Capela de Maria de Bil.
A reunião teve a participação do coordenador de Cultura, Dr. Hélio Batista, do chefe de Gabinete, Batista Jr, dos secretários de Meio Ambiente e de Infraestrutura, respectivamente, J. Marcílio e Elonmarcos Correia, entre outros colaboradores do município.
Na reunião foram definidos o plano de divulgação e as formas de mobilização da comunidade para o evento religioso.
Neste ano de 2017, a Caminhada à Capela de Maria de Bil será realizada no domingo, dia 26 de março. Neste dia, às 05h, fiéis são transportados da Praça da Igreja Matriz de São Raimundo Nonato em ônibus cedidos pela Prefeitura até a Escola Municipal Antão Leandro Bitu, no bairro Sanharol, onde são recebidos para um café da manhã.
Como tradição, fiéis católicos reverenciam a mártir varzealegrense fazendo um percurso de 3km da cidade, saindo em caminhada do bairro Sanharol até a Serra do Gravié, onde foi construída uma capela em homenagem à Maria de Bil.
Durante a caminhada, perante as cruzes fincadas na beira da estrada, os fiéis fazem orações e entoam cânticos religiosos.
A capela foi construída por José Alves de Oliveira (Zé Pretinho), em 20 de janeiro de 1957, 31 anos após a morte de Maria. Ela foi brutalmente assassinada pelo Marido Bil, em 11 de março de 1926.
Em 13 de março de 2014, foi inaugurada, na Serra do Gravié, ao lado da capela de Maria de Bil, uma estátua do Cristo Ressuscitado, sendo mais um atrativo para os religiosos participantes da caminhada.
O monumento mede 12 metros de altura, feita em fibra de vidro pelo artista plástico cearense, Adenildo Cavalcante.
A origem de Maria
O mito de Maria de Bil se sustenta em provas históricas devidamente documentadas em livro e contadas em depoimentos de pessoas contemporâneas. Em estudos mais aprofundados constata-se que por volta do ano de 1919, chegavam a Várzea Alegre, vindos do Estado de Alagoas, o casal Clementino Romeiro e Antônia, juntamente com seus três filhos: Severino, Maria e Madalena. Acredita-se que Romeiro não seja de fato o sobrenome de Clementino, que assim era chamado, acredita-se, porque era seguidor do Padre Cícero Romão Batista.
Há quem diga, aliás, que Clementino Romeiro tenha vindo morar em Várzea Alegre seguindo orientação do próprio vigário. O seu objetivo em terras varzealegrenses, era trabalhar na construção do “grande açude de Várzea Alegre” – projeto inicial do atual açude Deputado Luiz Otacílio Correia (Olho D’água), cujas obras foram iniciadas na comunidade de Barragem, naquele mesmo ano, e suspensas no ano seguinte, 1920, ainda na fase da construção de suas fundações. Mesmo com a paralisação das obras, Clementino Romeiro já havia decidido continuar morando com sua família em Várzea Alegre, no Sítio Inharé, mais precisamente, onde era a casa de seu José Bitú Filho (Zé Bitú) e de Isabel Bastos Bitú (Dona Biluca), quando passaram, então, a ser moradores dos Fiúzas do Sítio Chico, sendo que plantavam também nas terras de Manoel Leandro Bezerra e de José Bitú Filho (Zé Bitú), no alto da Serra do Gravié.
A união de Maria e Bil
Maria era uma mulher simples. Casou-se com Bil, este oriundo da região de Iguatu, em 05 de novembro de 1922, na Igreja Matriz de São Raimundo Nonato. Aquele dia foi marcado pela realização de mais 25 matrimônios, entre os quais estão registrados, o de Joaquim de Sátiro, Joaquim Mandú, Zacarias de Biluca e Dica de Joaquim Bezerra, entre outros. Todos moravam na ribeira do Riacho do Machado e a celebração dos matrimônios foi realizada pelo padre José Alves de Lima.
O caso extraconjugal de Bil e o fim do casamento
O casal Maria e Bil continuou morando no sítio Inharé e ali nasceram dois filhos: Necília e José. Durante a sua terceira gravidez, Maria descobriu que sua irmã Madalena – que aparentemente tinha problemas visuais – mantinha um caso com Bil. Segundo contam, Bil pretendia fugir com Maria e deixar toda aquela confusão para trás. Entretanto, a esposa, magoada pela traição, recusava a proposta do marido e preferiu voltar a morar na casa dos pais.
A vingança de Bil pelo desprezo de Maria
Com o orgulho ferido por causa do desprezo da mulher, Bil passou a arquitetar a morte de Maria. Sabendo que esta levava a comida para os trabalhadores da roça de seu pai, Bil resolveu surpreendê-la numa emboscada na beira da estrada. E assim o fez. Em 11 de março de 1926, por volta das dez horas da manhã, quando Maria se dirigia à lavoura na companhia de duas amigas, uma delas, Francisca de Zé Chato, Bil apareceu de repente armado com uma faca. As companheiras de Maria fugiram e Bil, então, passou a esfaquear a esposa, atingindo-a com três golpes fatais. Segundo contam, o assassino teria comido parte de uma das panturrilhas da vítima, numa espécie de pacto com forças ocultas, para não ser encontrado nunca mais, fato este que se consumou.
Assessoria de Comunicação
Reportagem: Marco Filho
Foto: Augusto César
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