Lançada em setembro de 2020, durante a pior fase da pandemia da Covid-19, a cédula de R$ 200 não emplacou entre a população.
Ela pode ser considerada tão ou mais difícil de encontrar do que o lobo-guará, que a ornamenta, espécie ameaçada de extinção.
Para se ter uma ideia, a cédula de R$ 200 é menos popular do que a nota de R$ 1 — que deixou de ser emitida em 2004, ou seja, há 20 anos, sendo apontada como valiosa por colecionadores.
- De acordo com as estatísticas do Banco Central (BC), havia em 1º de agosto deste ano 144,74 milhões de notas de R$ 200 em circulação.
- Ao mesmo tempo, havia 148,63 milhões de notas de R$ 1 no país.
- O total cédulas em circulação somava 7,67 bilhões de unidades no começo deste mês.
- O volume de notas de R$ 200 emitidas representa 32% do total de 450 milhões de unidades da tiragem inicial, em 2020. E somente 1,9% da quantidade de cédulas em circulação.
O Banco Central informou que libera as cédulas de R$ 200 para circulação de acordo com a demanda e que seu “ritmo gradual de utilização evolui em linha com o esperado”.
Em 2024, de acordo com a instituição, foram “emitidas” somente 6,1 milhões de notas. Pelo conceito do BC, uma cédula é emitida “quando uma instituição financeira saca uma cédula no BC, o que ocorre diariamente”.
- Segundo a área econômica, a pandemia foi um dos motivos para o aumento da procura por cédulas em 2020, o que levou a instituição a lançar uma nova nota da família do Real.
- A pandemia, explicou o Banco Central naquele momento, levou as pessoas a “entesourarem” recursos em casa, ou seja, manter reserva em cédulas — algo que também aconteceu em outros países.
- Outro motivo apontado foi a necessidade de fazer frente ao pagamento do auxílio emergencial. Boa parte dos beneficiários preferiu sacar o benefício em espécie nos primeiros lotes. Depois, em um segundo momento, a Caixa facilitou a transferência dos recursos e o pagamento de contas.
Cédula de R$ 200 entra em circulação e colecionadores fazem fila para garantir primeiras notas no DF — Foto: Isabela Melo/TV Globo
Questionado pelo g1, o Banco Central avaliou que seu papel, enquanto autoridade monetária, é estar atento à demanda da população por papel moeda e atendê-la.
“A cédula de R$ 200 foi emitida em 2020 em razão do forte aumento da demanda da população por numerário em espécie, por ocasião da pandemia de Covid-19. Assim, seu lançamento possibilitou o atendimento da necessidade de numerário da população e permitiu o funcionamento adequado da economia e do sistema financeiro nacional”, informou o BC.
Valor de produção
💲A nova cédula, apesar da baixa utilização, é a que custa mais caro. Ao preço de R$ 325 por milheiro, o valor desembolsado no ano passado pelo Banco Central foi de cerca de R$ 146 milhões na produção das 450 milhões de unidades.
Depois da cédula de R$ 200, a de mais cara produção é a de R$ 20, com custo estimado, em 2020, de R$ 309 o milheiro. Os valores estão sujeitos à variação do dólar.
Segundo o BC, estão previstos R$ 142 milhões para o “acondicionamento e guarda de numerário” neste ano, envolvendo não apenas as cédulas de R$ 200, mas também as outras notas e moedas.
“Não há validade para cédulas em estoque no BC. São destruídas as cédulas, após terem circulado e retornado ao BC, consideradas inadequadas pelo desgaste de uso”, acrescentou a instituição.
Nota de 200
A cédula de R$ 200 foi a sétima da família de notas do real. Na ocasião, foi a primeira cédula de um novo valor da família do real em 18 anos. A última, a de R$ 20, tinha sido lançada em 2002.
Um ano antes, em 2001, surgiu a nota de R$ 2. Nesse intervalo, houve a “aposentadoria” da nota de R$ 1, em 2005.
Na cédula de R$ 200, segundo o BC, optou-se pela manutenção de elementos de segurança já existentes nas cédulas da segunda família do real:
- o número que muda de cor, que muda do azul para o verde, com uma faixa brilhante parecendo rolar para cima e para baixo, ao se movimentar a nota;
- a marca-d’água, que apresenta o valor da nota e a imagem do animal;
- o número escondido, que aparece quando a nota é colocada na posição horizontal, na altura dos olhos;
- o alto-relevo, em diversas áreas na frente e no verso da nota.
Nota de R$ 200 começou a ser emitida em setembro de 2020 — Foto: Reprodução / Youtube
O animal escolhido para a nota, o lobo-guará, foi o terceiro colocado em uma pesquisa feita pelo Banco Central em 2000.
A instituição perguntou à população quais espécimes da fauna gostariam de ver representados no dinheiro brasileiro.
O primeiro lugar foi a tartaruga marinha, usada na cédula de R$ 2. O segundo, o mico leão dourado, incorporado na cédula de R$ 20.
PIX em alta
A baixa utilização das cédulas de R$ 200 coincide com uma maior facilidade e redução de custos para os correntistas realizarem transferências eletrônicas.
Instituído em novembro de 2020, o PIX, sistema de pagamentos brasileiro em tempo real, 24 horas por dia e sem custos, completou três anos de funcionamento no fim do ano passado.
- Em todo o ano de 2023, as transferências de recursos e os pagamentos feitos por meio do PIX, somaram R$ 17,18 trilhões.
- O PIX concentrou 39% das transações financeiras em 2023, uma alta de 75%.
- Em 7 de junho, as transações via PIX bateram um novo recorde ao somar 206,8 milhões de operações em um único dia.
O Banco Central prevê lançar uma nova funcionalidade para o PIX em outubro deste ano: o Pix recorrente (uma transferência válida para pagamento entre pessoas físicas, para pagamentos de aluguel e serviços como personal trainer, diarista e terapeuta).