Grupo Alimentação e Bebidas contribuiu com retração de 0,18 ponto porcentual na variação final de 0,23% do IPCA de agosto.
O consumo de carne dos brasileiros cresceu no último ano, conforme calculou uma pesquisa da Horus Inteligência, que avaliou mais de 500 milhões de notas fiscais.
A pesquisa aponta que o principal motivo para o aumento do consumo é a queda nos preços desses produtos, devido a um alívio na pressão inflacionária.
Cada compra realizada tem 1,3 item de carne bovina, segundo dados de julho de 2023, contra 1,0 item em junho de 2022. O preço médio do produto teve uma queda de 11% no último ano, a R$ 31.
A presença de carne suína também aumentou na cesta de compra da população, a 1,1 item, frente 1 item no ano anterior, enquanto o preço médio caiu 2%. Já a carne de frango teve um aumento a 1,7 item, contra 1,3, e uma queda de 12% no preço médio.
IPCA de setembro
O grupo Alimentação e Bebidas saiu de um recuo de 0,46% em julho para uma redução de 0,85% em agosto, dentro do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O grupo contribuiu com -0,18 ponto porcentual para a taxa de 0,23% do IPCA de agosto.
A alimentação no domicílio caiu 1,26% no último mês, enquanto a alimentação fora do domicílio subiu 0,22% no mesmo período.
“Alimentação e Bebidas caiu pelo terceiro mês consecutivo”, frisou André Almeida, analista do Sistema de Índices de Preços do IBGE.
O grupo Alimentação e Bebidas acumula uma queda de 1,96% nos últimos três meses de recuos. A redução na alimentação para consumo no domicílio no mesmo período foi de 3,02%.
“De maneira geral, a gente pode dizer que essa queda nos preços alimentícios tem sido influenciada por uma maior oferta desses produtos no mercado”, justificou o pesquisador. “Fatores climáticos acabam contribuindo também para uma questão de aumentar a produção, aumentar a quantidade disponível no mercado.”
As carnes ficaram 1,90% mais baratas em agosto. No ano, os preços já caíram 9,65%.
“As carnes estão com disponibilidade interna mais alta, então o aumento na quantidade de carne produzida no Brasil é um dos fatores que tem contribuído para essa queda nos últimos meses. Essa deflação das carnes tem sido influenciada por uma maior disponibilidade no mercado interno”, explicou Almeida.
Crise no consumo
A queda nos preços das carnes, de acordo com Thiago Bernardino de Carvalho, pesquisador de pecuária do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq, escola de agricultura da Universidade de São Paulo (USP), já vem acontecendo, no campo, desde o começo do ano passado, quando os altos valores começaram a pesar no bolso do consumidor e as vendas começaram a cair.
No varejo, onde é normal que as mudanças de preço cheguem com alguma defasagem em relação ao que está acontecendo nas fazendas e nas fábricas, a história é pouco diferente.
O preço da picanha, que está caindo em 2023, ainda está longe de compensar a alta que acumulou desde o começo da pandemia: o aumento do preço nos supermercados foi de 38% entre 2020 e 2022, conforme os dados do IPCA.
O músculo, que neste ano caiu 4,3% no primeiro semestre, subiu 42% até 2022, e, o acém, 6% mais barato no período, tinha ficado 43% mais caro até o ano passado.
Mais barato que as carnes vermelhas e uma das primeiras opções de proteína a que o brasileiro recorre quando não consegue mais comprar os bifes bovinos, o frango foi o campeão da pandemia: o preço dele subiu 51% de 2020 a 2022.
“Quando o preço da carne bovina sobe muito, o brasileiro vai procurar outras proteínas mais baratas, como a suína, o frango e até o ovo”, diz Carvalho, do Cepea.
“Isso faz com que a procura por eles cresça, e os preços também.”
De todas as proteínas, o ovo é a única que segue subindo em 2023, indicando que, enquanto a procura pelas carnes ainda está fraca, a do ovo segue aquecia: o preço do produto sobe 16,6% no primeiro semestre deste ano.
fonte:CNN