Nova espécie de camarão com 90 milhões de anos é descoberta na Bacia do Araripe

A porção Oeste da Bacia do Araripe registrou pela primeira vez o achado fóssil de um camarão, denominado Somalis Piauiensis. Nesta quinta-feira, 4, o material foi apresentado na Universidade Regional do Cariri (URCA), no auditório do Geopark Araripe, campus do Pimenta, em Crato, com a presença dos pesquisadores responsáveis pela descrição do material altamente preservado em tecido mole, de aproximadamente 90 milhões de anos. Trata-se de descoberta inédita para a paleontologia mundial.

O fóssil foi encontrado no município de Caldeirão Grande, no Piauí. Representa uma nova espécie e novo gênero, diferente das oito já descobertas na Bacia do Araripe, incluindo os estados do Ceará e Pernambuco. Entre as características reveladas pela pesquisadora, estão rosto alongado, 13 espinhas dorsais, entre outras.

A apresentação do material envolve além da URCA, o Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, do Laboratório de Imagem (LAGEM-URCA) e do Laboratório de Paleontologia da URCA, em parceria interinstitucional com a Universidade Federal do Piauí (UFPI), campus de Picos, e Laboratório de Paleontologia de Picos e Núcleo de Pesquisa em Ciências Naturais do Semiárido do Piauí (NUPECINAS).

O Professor Paulo Victor destacou a importância da parceria para o estudo da espécie de relevância mundial. Ele apresentou o local de coleta, no Piauí, a linha de pesquisa e o processo de preparação do fóssil. O material foi coletado em 2018, mas somente este ano, conseguiu-se avançar nos trabalhos, para a descrição e publicação do artigo. A área onde foi encontrado o material começou a ser estudado há dez anos.

A Professora Dra. Olga afirma que antes de apresentar o fóssil do Somalis Piauiensis, foi feito um levantamento dos estudos já realizados na região, com as descobertas de camarões fossilizados, o primeiro deles da formação Crato, na década de 90. Foram oito espécies descritas, o último o Dubiostenopus parvus, denominado, pelas suas características, de camarão palhaço, este ano.

O trabalho foi desenvolvido através da parceria interinstitucional entre a UFPI na pessoa do Prof. Dr. Paulo Victor de Oliveira, e a URCA, e a Profa. Dra. Olga Alcântara Barros. O achado paleontológico homenageia a paleontóloga Dra. Maria Somália Sales Viana, professora da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), em reconhecimento a sua extensa contribuição aos estudos de geologia e paleontologia da Bacia do Araripe e do Brasil.

O artigo científico foi publicado no periódico internacional Zootaxa. A pesquisa foi financiada em parte pela Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNCAP) através do recurso destinado ao projeto de pesquisadores visitantes do Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens e pelo projeto mulheres na ciência (PV1-0187-0001.01.00/21 e #MLC-0191- 00228.01.00/22—Ref. Proc. 06281427/2022—Mulheres na Ciência).