Dia Nacional da Caatinga: conheça as histórias dos militares que atuam no Sertão Cearense

O sertão árido não é para os fracos. A escassez de chuva, o calor escaldante e a vegetação amarronzada moldam não apenas a paisagem, mas também os homens que lutam pela paz nesta terra. Neste 28 de abril, Dia Nacional da Caatinga, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS) presta homenagem ao Batalhão Especializado em Policiamento do Interior (Bepi) da Polícia Militar do Ceará (PMCE), destacando não só a excelência estratégica dos trabalhos realizados, mas também histórias de superação de profissionais da Segurança.

Bepi

O Batalhão Especializado em Policiamento do Interior (Bepi) é uma unidade de elite da Polícia Militar do Ceará (PMCE), composta por 477 policiais militares altamente treinados. Sua missão é atuar em ocorrências de alta complexidade em todo o interior do Estado, com foco no combate ao tráfico de drogas e armas, roubo de cargas, ações contra instituições financeiras e operações em zonas rurais e fronteiriças.

O Bepi é formado pela 1ª Companhia (Cotar) e pela Companhia de Operações de Divisas (COD). O Cotar, criado em 2012, nasceu para reprimir ataques a bancos e a carros-fortes, e desde 2019 integra o Bepi, dentro do 4º Batalhão de Choque.

Em 2024, a atuação do batalhão foi expressiva e culminou nas capturas de 518 pessoas, um crescimento de 92,57% em relação a 2023. Foram 324 armas de fogo e 4.328 munições apreendidas, além de 261 quilos de maconha, 112 de cocaína e mais de 8 quilos de crack retirados de circulação. Mas, o que realmente define o Bepi são os homens que o compõem. Três deles compartilharam suas trajetórias de vida e superação.

Filho de sertanejo

Em 1980, o então menino Paulo Caetano de Abreu Holanda crescia entre as férias na roça e as histórias dos pais, vindos do interior do Ceará. Hoje, aos 45 anos, o 2º sargento da PMCE carrega 14 anos de história no Bepi e não esquece as raízes que moldaram seu caminho. “Minha mãe domava cavalo bravo, e meus pais sempre trabalharam na roça. Cresci aprendendo o valor da nossa terra, ajudando meus avós e caçando pequenos animais para nossa alimentação. A caatinga é um ambiente rico pra quem sabe usufruir dela”, disse ele.

Foi por incentivo dos pais que ele entrou na PMCE, em busca de estabilidade em tempos difíceis. Na instituição, ele encontrou mais do que um trabalho. Encontrou vocação. “Hoje agradeço meus pais. Não me vejo fazendo outra coisa. Amo meu trabalho”.

Na vida de combatente, uma das missões mais marcantes foi em Boa Viagem, quando foi baleado em serviço. Mesmo ferido, seguiu em combate e neutralizou a ameaça. “Desistir nunca. A gente não encara isso como emprego, e sim como missão”, finalizou.

Protegendo o Sertão

Ronald Oliveira da Silva, Subtenente da PMCE tem 50 anos e está no Bepi desde os seus primeiros passos, que iniciaram entre os anos de 2011 e 2012. Filho do Cariri, ele teve no pai e no irmão, ambos policiais militares, suas maiores inspirações. “Tenho muita admiração por eles. Meu irmão, o tenente Arnaldo Oliveira da Silva, foi uma figura paterna para mim. Ele batalhou muito para ajudar minha mãe a criar nossa família”, explicou ele.

Ronald entrou na PM aos 19 anos. Em seu primeiro emprego, nunca pensou em desistir da farda. “Sempre quis estar num batalhão especializado. Essa era a missão que eu queria pra minha vida”. Uma das experiências mais desafiadoras foi uma operação que participou em Catarina, no ano de 2012. Por sete dias, a equipe perseguiu um grupo de suspeitos que haviam cometido um assalto a um banco. No fim, os criminosos foram capturados e a equipe recebeu uma medalha de bravura pela missão bem-sucedida. “Em áreas inóspitas, precisamos ter respeito e preparo. Fomos moldados para isso e hoje repassamos aos novos guerreiros”, conclui.

34 anos de farda e coragem

José Marcelo Oliveira, subtenente da PMCE, tem 52 anos e carrega uma vida inteira de serviço militar. Começou aos 18 anos nos Fuzileiros Navais, onde atuou até 1997. No mesmo ano, ingressou na Polícia Militar do Ceará. Hoje, é um dos pilares do Bepi desde sua criação.

Em sua longa trajetória, viveu momentos extremos. Um dos mais marcantes foi uma operação em que um companheiro de farda perdeu a vida. A tragédia uniu ainda mais a tropa, que respondeu com bravura e profissionalismo. “Tínhamos que dar uma resposta à família, à cidade e a nós mesmos. E conseguimos”.

Com orgulho, destaca o respeito nacional que a tropa conquistou. “Hoje, policiais de outras PMs querem fazer os cursos do Bepi. Isso mostra o quanto somos respeitados”. Aos jovens que sonham em trilhar o mesmo caminho, ele deixa um recado direto. “Que se espelhem nos antigos. Que continuem sendo o que somos: guerreiros vocacionados na missão”, finalizou.

Guerreiros da Caatinga

Os policiais do Bepi não patrulham apenas terras áridas: eles protegem o que há de mais precioso para o povo cearense: a paz. Neste Dia Nacional da Caatinga, a SSPDS reconhece e exalta cada guerreiro que veste a farda camuflada com orgulho, enfrentando calor, sede, perigo e invisibilidade; tudo em nome de proteger a sociedade cearense.

Por Tainá Ribeiro/SSPDS


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