O fluxo cambial do Brasil em 2024 registrou uma saída líquida de US$ 15,918 bilhões, marcando a 3ª maior retirada anual de dólares do país na série histórica do Banco Central (BC).
Para Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, a saída expressiva de recursos em dezembro não foi aleatória, mas sim resultado de uma deterioração fiscal construída ao longo dos últimos dois anos.
“A gente chegou num ponto no segundo semestre que a gente precisava avançar nessa pauta do ponto de vista dos gastos, a gente chegou numa situação que de fato está incontornável”, explicou Vale ao CNN Money.
O economista destacou que o pacote fiscal apresentado pelo governo foi considerado frágil pelo mercado, não atendendo às expectativas de medidas mais robustas para conter o aumento dos gastos públicos.
Essa percepção negativa contribuiu para a intensificação da saída de capital em dezembro.
Perspectivas para 2025 e 2026
Vale projeta que o estresse cambial deve continuar em 2025, embora possivelmente com menor intensidade do que o observado em dezembro de 2024.
“A tendência é a gente continuar vendo um pouco desse estresse que a gente viu em dezembro. Agora certamente com menos intensidade tende a acalmar um pouco ao longo desse ano, mas ainda infelizmente vai ser um cenário tenso”, afirmou.
O especialista também alertou para os desafios dos próximos anos, citando a baixa popularidade do presidente, a desaceleração do crescimento econômico e as pressões políticas em um ano pré-eleitoral. “Tem um cenário que o mercado está olhando para a frente, as pressões são muito grandes”, ressaltou.
Contexto internacional
Vale também mencionou a influência do cenário internacional nas perspectivas econômicas do Brasil.
Ele apontou para a vitória de Donald Trump nas eleições americanas e seu potencial impacto na política econômica global, o que poderia pressionar ainda mais as taxas de câmbio em países emergentes como o Brasil.
O economista concluiu que, sem mudanças significativas na política fiscal, o país provavelmente enfrentará dois anos de tensão econômica, com expectativas de uma possível reestruturação macrofiscal apenas em 2027, independentemente do governo que estiver no poder.
Por CNN
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