Praia do Futuro, em Fortaleza, tem aumento de 83% nas mortes por afogamento em 2024

A Praia do Futuro, considerada a praia mais procurada por banhistas em Fortaleza, registrou 526 afogamentos não fatais e contabilizando 11 óbitos ao longo de 2024. Os dados foram divulgados pelo Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (CBMCE) nessa quinta-feira, 2. No último mês de dezembro, de acordo com a Corporação, o número de afogamentos não fatais foi de 74 e um óbito foi contabilizado.

Comparando com 2023, quando foram registrados 477 resgates por afogamento, houve um aumento de 10% no número de ocorrências em 2024. Já o número de óbitos, que era 6 em 2023, cresceu 83% no último ano.

Conforme o Comandante da 1ª Companhia Salvamento Marítimo do Corpo de Bombeiros, capitão Rodrigo Monteiro Carneiro, a Praia do Futuro apresenta maior índice de ocorrências por uma combinação de fatores.

“Por ser a mais visitada, a Praia do Futuro tem mais pessoas expostas ao risco aquático, resultando em mais resgates e afogamentos. Além disso, a corrente de retorno frequente e o relevo submarino dinâmico aumentam os riscos, especialmente para quem não conhece a praia”, explica o representante.

O Corpo de Bombeiros atua de forma preventiva em Fortaleza apenas na Praia do Futuro. Fora da Capital, mantém postos nas praias de Jericoacoara, Icaraí, Cumbuco e na parte de Aracati. Contudo, em caso de incidentes, a Corporação realiza atendimento em qualquer praia do Ceará quando acionada pelo 193.

O capitão Rodrigo Monteiro explica que o período entre o final e início do ano as ocorrências de afogamento tendem a aumentar. “O público é maior nessa época e, consequentemente, o número de resgates também cresce. O movimento deve continuar até meados de janeiro, diminuindo depois e crescendo novamente no carnaval”, explica.

O efetivo de guarda-vidas e postos na Praia foi aumentado nesse período. Conforme o CBM, em dias de alta movimentação, a depender da demanda, podem ser montados até 15 postos, enquanto em dias mais tranquilos, esse número pode cair para 8.

Somente no feriado de 1º de janeiro de 2025, os salva-vidas realizaram 22 resgates de banhistas, sem registros de óbitos.

Idoso morre após tentar resgatar vítimas de afogamento na Praia do Futuro

No dia 31 de dezembro, contudo, um caso na Praia do Futuro chamou a atenção. Na ocasião, Afonso Oliveira Castro, de 64 anos, faleceu após tentar resgatar cinco banhistas, entre jovens e adultos, que se afogavam. Segundo o Corpo de Bombeiros, ele não apresentou sinais de aspiração de líquido, indicando que não foi em consequência de um afogamento. A causa da morte foi uma provável parada cardiorrespiratória.

A equipe do Samu prestou socorro no local, mas ele não resistiu. As outras cinco pessoas resgatadas foram atendidas pelo Corpo de Bombeiros, mas não precisaram ser encaminhadas a unidades de saúde.

Em outras praias de Fortaleza o serviço de prevenção e resgate é realizado pela Inspetoria de Salvamento Aquático (ISA), vinculada à Guarda Municipal. A ISA cobre desde a Praia da Barra do Ceará até a Praia do Náutico. Até 19 de dezembro, a corporação registrou 393 ocorrências, salvando 387 vidas.

Cuidados ao Mar

A Praia do Futuro apresentou grande quantidade de banhistas nesta quinta-feira, 02. Uma das visitantes foi a professora universitária Camila Araújo, que acompanhava a filha de seis anos. “Ela [filha] gosta muito da praia, mas gosta mais de brincar na areia e nas piscinas. Quando é para entrar, ela usa boia, mas sempre com o olho nela”, conta a mãe.

A professora elogia a presença de guarda-vidas na praia, mas aponta a falta de sinalização de segurança. “Viemos ontem também, e estava muito cheia. Não vi a sinalização nos pontos onde estávamos”, comenta.

Nesta manhã, por volta das 11h, conforme verificado pelo O POVO, também não havia sinalização na faixa de areia na altura da barraca Chico do Caranguejo, um dos pontos mais frequentados.

Já Gleidson Tavares, que visitava a Praia com os três filhos e a companheira, também explica que prefere não arriscar a segurança. “A gente fica mais na beira para evitar acidentes. Nós brincamos fazendo buracos, e a água vai aparecendo. Quando estou só, entro porque sei nadar. Mas mesmo assim não me aventuro no fundo”, diz.

Para quem ainda pretende ir à Praia do Futuro ou outras praias do litoral cearense, a orientação é que os banhistas tenham cautela e fiquem próximos aos postos de guarda-vidas.

“Para as crianças, é essencial que entrem no mar apenas sob a supervisão de um adulto e nunca se afastem mais de um metro do responsável. Para os adultos, a recomendação é evitar o consumo de bebidas alcoólicas antes ou durante o banho de mar e respeitar os limites indicados pela sinalização.”, conclui Rodrigo Monteiro, capitão do CB.

Óbitos por afogamento no Ceará em 2024

Entre janeiro e outubro de 2024, o número de afogamentos e submersões acidentais em águas naturais de todo o Ceará, como rios, barragens e praias, foi de 164. A informação foi extraída do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). Os dados de novembro e dezembro ainda serão inseridos na plataforma.

Até o momento, o pico máximo ocorreu em abril, com 32 óbitos, enquanto o valor mais baixo foi registrado em outubro, com apenas 5 óbitos. A média mensal de óbitos é de 16,4. Em 2023 o total de afogamentos foi de 187.

Afogamentos em águas naturais no Ceará em 2024

  • Janeiro: 14
  • Fevereiro: 13
  • Março: 24
  • Abril: 32
  • Maio: 25
  • Junho: 12
  • Julho: 16
  • Agosto: 15
  • Setembro: 8
  • Outubro: 5
  • Total: 164

Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM.

Por Lara Vieira/O POVO

 


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