Saúde integral considera o equilíbrio entre bem-estar físico, mental, social e emocional de uma pessoa

No início do ano, a campanha Janeiro Branco é um convite para refletirmos sobre a saúde mental e sua estreita relação com a saúde física. Doenças como ansiedade e depressão, além de estresse continuado, não apenas afetam a mente, mas também desempenham papéis significativos no desenvolvimento e na progressão de diversas patologias crônicas, como diabetes, hipertensão, infarto e acidente vascular encefálico.

Estresse é fator de risco

O estresse não é uma doença, mas uma reação natural do organismo a situações imprevistas: brigas ou insatisfações no trabalho, por exemplo. Porém, quando ele se torna crônico ou intenso, pode causar problemas de saúde. O psiquiatra do Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM), Samuel Pinho, explica que é necessário ficar atento aos sintomas que podem surgir quando a saúde mental está afetada.

De acordo com o especialista, estudos comprovam que o estresse ativa o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHP), responsável pela integração dos sistemas nervoso e endócrino no corpo humano. Essa ativação contínua pode levar a uma inflamação sistêmica de baixo grau: o problema ocorre quando o sistema imunológico está constantemente ativado, levando a uma resposta inflamatória prolongada e aumentando o risco, por exemplo, de doenças cardiovasculares.

“O impacto do estresse também se manifesta em disfunções físicas objetivas, como a redução da força muscular e da função pulmonar. Quando o estresse se torna prolongado, ele pode sobrecarregar os mecanismos de regulação do organismo, dificultando a manutenção do equilíbrio e aumentando o risco de doenças físicas e mentais”, explica.

Doenças de pele, gástricas e autoimunes, insônia, enfraquecimento do sistema imunológico e transtornos psiquiátricos, como ansiedade, depressão e síndrome do pânico, são algumas das consequências que podem surgir.

Ansiedade e depressão

O psiquiatra do Hospital de Saúde Mental, Samuel Pinho, orienta os pacientes sobre a importância de cuidar da saúde mental, evitando assim muitas doenças físicas (Foto: Milena Fernandes)

Os estudos também mostram que a ansiedade e a depressão são fatores de risco independentes para diversas condições crônicas. A ansiedade está associada a um maior risco de doenças como hipertensão, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e trombose venosa profunda (TVP), mediada por inflamação crônica e disfunção do eixo HHP. Já a depressão eleva o risco de doenças cardiovasculares, diabetes e obesidade, além de estar associada à presença de múltiplas condições crônicas.

“Os mecanismos biológicos dessas condições incluem a resposta inflamatória sistêmica, disfunções metabólicas e alterações na microbiota intestinal. Além disso, escolhas de estilo de vida frequentemente associadas a esses transtornos, como inatividade física e sono inadequado, agravam ainda mais os impactos na saúde física”, observa.

Um convite ao cuidado integral

E como evitar esses quadros? O psiquiatra destaca que é importante entender que mente e corpo atuam como uma unidade inseparável.

“O equilíbrio entre saúde mental e física é interdependente: enquanto condições emocionais podem impactar profundamente a saúde física, desequilíbrios no corpo também influenciam nosso bem-estar psicológico. O manejo adequado dessas condições, com apoio psicológico e médico, promove não apenas uma melhora na qualidade de vida emocional, mas também previne complicações graves, fortalecendo a saúde como um todo”, frisa Pinho.

O profissional faz um convite: começar o novo ano dando mais atenção à saúde mental. “Neste Janeiro Branco, incentivamos você a observar suas emoções e a identificar sinais de sobrecarga. É importante reconhecer que cuidar da mente é cuidar do corpo e, além disso, é o primeiro passo para uma vida equilibrada e saudável”, aconselha o psiquiatra.

Por Milena Fernandes/Ascom HSM