Pesquisa realizada no Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva (PPSAC), da Universidade Estadual do Ceará (Uece), aponta que adolescentes extrovertidos, mas com baixa resiliência emocional, são mais propensos ao consumo precoce de álcool. A descoberta foi feita a partir da investigação que teve como objetivo analisar a associação entre o uso precoce de álcool na adolescência e fatores associados. A pesquisa, portanto, identificou o que pode favorecer e o que pode proteger os adolescentes do uso precoce de álcool, que acontece antes dos 15 anos de idade.
Segundo os resultados do estudo, além do principal achado da pesquisa, estão também entre os maiores riscos para o consumo precoce, antes dos 15 anos de idade: os pais ou responsáveis fazerem uso de álcool, se envolver em comportamentos de autoria de bullying (ser o agressor) e fumar no ambiente da escola.
De acordo com a pesquisadora principal, a professora do curso de Medicina da Faculdade de Educação e Ciências Integradas de Crateús (Faec/Uece), Dayse Alves, “o uso de álcool na adolescência está associado a graves consequências sociais e de saúde, como transtornos mentais e comportamentais, acidentes de trânsito, acidentes com armas de fogo, comportamentos de risco sexual, alterações neuronais, baixo desempenho escolar, abandono escolar ou do trabalho e conflitos familiares e comunitários. Quanto ao uso precoce, antes dos 15 anos, está relacionado a maiores chances de os adolescentes fazerem consumo nocivo na fase adulta”.
O estudo é um dos primeiros realizados no contexto das escolas de ensino médio de tempo integral, um modelo que, de acordo com a autora, está sendo valorizado e implementado em todo o Brasil, considerando sua relevância, uma vez que a identificação de fatores de risco permite mapear caminhos para a prevenção ao consumo precoce e abuso de álcool na adolescência.
“É necessário construir políticas públicas interdisciplinares e intersetoriais para a prevenção do uso precoce de álcool e da violência escolar, com destaque para o bullying, nos ambientes educacionais. Além disso, é fundamental promover a aprendizagem integrada de habilidades socioemocionais, de acordo com a necessidade desses e dessas adolescentes e do contexto em que se encontram inseridos. Quanto aos fatores sociodemográficos, é importante que os pais ou responsáveis sejam sensibilizados a tratar desses problemas de forma dialogada com seus filhos e filhas, promovendo um ambiente de diálogo, orientação e monitoramento positivo. Os pais devem estar cientes de que são modelos de comportamento para seus filhos e que seu padrão de consumo de bebidas alcoólicas pode influenciar no consumo precoce e nocivo dos e das jovens”, concluiu a pesquisadora Dayse Alves.
A pesquisa, intitulada “Uso Precoce do Álcool: correlação com violência escolar e competências socioemocionais”, foi publicada na Revista Psicologia: Teoria e Pesquisa, como resultado da dissertação de Mestrado de Dayse Alves, no PPSAC, sob orientação do professor Francisco José Maia Pinto.
São também coautores do estudo, Ana Carina Stelko-Pereira (UFPR), Manoelise Linhares Ferreira Gomes (Uece), Bruna Rodrigues Nunes (Uece), Steffany Rocha da Silva (Uece), Tayane Carneiro Cruz (Uece) e Richelle Magalhães de Castro Peixoto (Uninassau).
Por Adriana Rodrigues/Ascom Uece