O estudo mais longo já feito sobre a tirzepatida, substância do remédio Mounjaro, indicou que redução significativa de risco de progressão para diabetes tipo 2 em adultos com com pré-diabetes e obesidade ou sobrepeso, ao longo de 176 semanas. Os dados fazem parte da Fase 3 do SURMOUNT-1 de três anos e foram divulgados na última quinta-feira (14), pela farmacêutica Eli Lily, responsável pelo medicamento.
O Mounjaro é uma das chamadas canetas emagrecedoras e ficou conhecido como ‘Ozempic dos ricos’. Aprovado no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o remédio ainda não é comercializado no país, mas brasileiros têm importado a substância para fazer o tratamento aqui, como uma reportagem do CORREIO mostrou em junho.
De acordo com a pesquisa, houve perda de peso sustentada de 22,9% (dose de 15 mg) durante os três anos. “Indivíduos tratados com tirzepatida perderam em média até 23% do seu peso corporal e mantiveram essa perda por mais de três anos, enquanto se beneficiaram de uma redução substancial no risco de desenvolver diabetes tipo 2. Em termos absolutos, quase 99% dos indivíduos tratados com tirzepatida permaneceram livres de diabetes após 176 semanas”, explicou a diretora do Yale Obesity Research Center, Ania Jastreboff.
Os dados foram publicados no The New England Journal of Medicine (NEJM) e divulgados na Obesity Week 2024. “Esses resultados são impressionantes, dado o grau de redução de peso sustentada e a diminuição do risco de diabetes”, acrescentou Jastreboff.
Dentre as canetas emagrecedoras já conhecidas, a tirzepatida é única considerada duplo agonista dos receptores GIP (polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose) e GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon-1). Os dois hormônios são secretados pelo intestino e têm atividade no sistema nervoso central. Eles ajudam a garantir a sensação de saciedade e diminuem a velocidade de esvaziamento gástrico.
Segundo o vice-presidente sênior de desenvolvimento de produtos da Lilly, Jeff Emmick, no estudo de três anos de tirzepartida, a redução de peso foi acompanhada por uma razão de risco de 0,06 para a progressão para diabetes tipo 2 – o que significaria uma redução de risco de 94%. “Esses resultados destacam o papel crítico do manejo de longo prazo com tratamentos eficazes, como a tirzepatida, para alcançar e manter a redução de peso”, afirma.
Para o diretor médico da Eli Lilly do Brasil, Luiz Magno, as novas descobertas representam resultados “sem precedentes” de um tratamento para reduzir a glicemia e peso corporal de forma sustentada por três anos.
“Os dados reforçam nosso entusiasmo com relação ao potencial de tirzepatida para tratar uma doença que já afeta mais de 15 milhões de brasileiros, como é o caso do diabetes, e também demonstra um potencial em auxiliar pacientes com obesidade, condição que afeta cerca de 25% da população adulta do país.”
Por Thais Borges/Correio 24 horas
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