Márcio Nunes Oliveira comandou a Polícia Federal em 2022; chefe de gabinete de Torres e delegado que deu início à Lava Jato também passaram por reciclagem
A Polícia Federal (PF) determinou um curso de “boas práticas em polícia judiciária” para o delegado Márcio Nunes Oliveira, que foi diretor-geral durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O delegado ficou no mais alto cargo da PF entre fevereiro e dezembro do ano passado.
Antes de ser diretor-geral, Nunes Oliveira foi secretário-executivo do Ministério da Justiça – o ‘02’ de Anderson Torres. Também foi superintendente da PF no Distrito Federal entre maio de 2018 a abril de 2021, além de professor da Academia Nacional de Polícia.
Segundo o ofício, “o objetivo é desenvolver e disseminar conhecimentos para uniformizar procedimentos, analisar índices operacionais e discutir as atividades relativas à Polícia Judiciária, bem como promover ações e procedimentos que melhorem os índices das unidades de lotação dos participantes.”
O curso de boas práticas foi realizado em dois dias, 18 e 19 de setembro, nos modelos online e presencial. A participação é obrigatória.
O critério para escolha de quem faria o curso de reciclagem, segundo apurou a CNN, foi por tempo afastamento de investigações. O argumento é o que o grupo precisa se atualizar para saber o que pode e o que não pode ser investigado em cada delegacia da instituição.
Barrado em Madri
Em 20 de dezembro do ano passado, Bolsonaro chegou a nomear Márcio Nunes de Oliveira como adido da Policial Federal em Madri (Espanha).
A ida de Oliveira, no entanto, foi barrada com a troca para o atual governo. O delegado foi, então, enviado de volta para a Superintendência da PF no Distrito Federal. Ele agora está na Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários (Delefaz), responsável por investigar falsificação de documentos, cédulas falsas e furto em órgão público.
Aliados de Torres
Além de Márcio Nunes, outros delegados que trabalharam com o ex-ministro da Justiça Anderson Torres também estão na lista do “curso de boas práticas” determinado pela PF.
Marcos Paulo Cardoso Coelho da Silva era chefe de gabinete de Torres e atualmente está na Delegacia do Meio Ambiente da PF.
Outro que teve que passar pela reciclagem foi Léo Garrido de Salles Meira. Ele trabalhou na Secretaria de Operações Integradas (Seopi) do Ministério da Justiça, responsável por ações integradas entre as polícias dos estados e nas fronteiras.
O delegado Rodrigo Piovesano Bartolamei – que era superintendente da PF em São Paulo quando o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro foi preso, no ano passado – também passou pelo curso de boas práticas. Ele também foi transferido para Delefaz do DF na atual gestão.
Em setembro do ano passado, Bartolamei chegou a ser indiciado pelo delegado Bruno Calandrini, que travou uma briga interna com integrantes da PF e acusou a cúpula da instituição de atrapalhar a investigação ao não permitir a transferência do ex-ministro da Educação para Brasília.
Outro delegado incluído no curso foi José Erasmo de Oliveira Junior, marido da também delegada Marília Alencar – ex-subsecretária de Inteligência de Anderson Torres no Governo do DF e ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça também na gestão Torres. Ela virou alvo de investigação por conta de um boletim feito antes do segundo turno da eleição presidencial.
Lava Jato
Mais um nome destacado para participar do curso é do delegado Márcio Adriano Anselmo, que ficou conhecido por ser responsável pelos primeiros casos da Lava Jato.
Foi ele quem descobriu a ligação de um posto de combustíveis no centro de Brasília com diretores da Petrobras. Após sair da força-tarefa, em 2018, Anselmo virou coordenador-geral de combate à corrupção, em Brasília, até 2020, quando foi para os Estados Unidos fazer um curso.
fonte:CNN