Fóssil de dinossauro ancestral das aves vai ser repatriado da Alemanha para o Brasil, após ser retirado do Ceará

fóssil Ubirajara jubatus vai ser repatriado da Alemanha ao Brasil, após decisão tomada em uma reunião de autoridades alemãs que aconteceu nesta terça-feira (19). O material deve retornar ao país de origem, após ser retirado ilegalmente do Ceará. Apesar da decisão, ainda não há uma data específica para a chegada da peça ao Brasil, segundo Alysson Pinheiro, diretor do Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, em Santana do Cariri.

O fóssil é datado do período Cretáceo, vivendo há cerca de 110 e 115 milhões de anos. O Ubirajara jubatus se tornou o dinossauro mais antigo da Bacia do Araripe, considerada um “ancestral” das aves. O holótipo — peça única que serviu de base para a descrição da espécie — está no Museu Estadual de História Natural de Karlsruhe, na Alemanha.

Conforme publicado pelo jornal alemão Badische Neueste Nachrichten, a ministra da Ciência alemã, Theresia Bauer, propôs a devolução do material por reconhecer que o fóssil chegou à Alemanha por meios pouco claros.

“Temos uma postura clara que se expressa em ações consistentes: se houver objetos em nossas coleções de museus que foram adquiridos sob condições legal ou eticamente inaceitáveis, uma devolução será considerada. O Ubirajara deve, portanto, voltar para o Brasil devido à sua grande importância e às questionáveis ​​circunstâncias de sua aquisição”, pontuou Bauer.

Inicialmente, o fóssil deve ser levado ao Museu Nacional, no Rio de Janeiro, mas Allysson Pinheiro informou que a instituição cearense vai dialogar com as autoridades fluminenses, para que a peça seja encaminhada ao Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens.

A instituição caririense, inclusive, já demonstrava grande expectativa que o governo alemão tomasse decisão favorável ao processo de devolução, mesmo antes da reunião desta terça.

“A peça é superinteressante; é um dinossauro que tem características que levam a transição para as aves, estruturas que não se conheciam ainda em dinossauros, mas o que chamou a atenção foi o fato chato na descrição que, inclusive, motivou a retirada, a despublicação do artigo científico — algo muito sério e raríssimo”, complementou Allysson.

“A expectativa é muito alta porque isso é uma vitória coletiva muito grande; um sinal que as coisas estão melhorando, estão mudando nas relações entre os países e uma ‘boa ciência’, vamos dizer assim. E isso só aconteceu por conta de uma mobilização da sociedade brasileira e da comunidade científica como um todo”, declarou Allysson, que é professor da Universidade Regional do Cariri (Urca).

Fonte: G1 Ceará