A Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa) identificou em agosto, no município de Jati, o mosquito Anopheles darlingi, vetor responsável pela transmissão da malária no Brasil. O Ceará não tem registros locais há mais de 10 anos, só importados (pessoas que se infectaram em outros estados).O infectologista Guilherme Henn, mestre em Saúde Pública/Doenças Infecciosas e Parasitárias pela Universidade Federal do Ceará (UFC), conta que não é a primeira vez que há identificação do vetor em solo cearense.
“No passado isso já aconteceu. Sabemos que existe Anopheles darlingi (mosquito transmissor) aqui. Obviamente, uma população muito inferior àquela que é encontrada na Amazônia”, detalha. Ele frisa que o achado da Sesa não tem relação com casos confirmados de Malária em pessoas que vieram de outros locais. E ressalta que o mosquito encontrado em Jati não gera perigo maior aos cearenses. Segundo ele, as chances de haver uma contaminação com origem local são baixíssimas.
Por que há baixas chances de contaminação no Ceará?
O médico infectologista explica que os mosquitos se contaminam com o plasmodium, parasita responsável pela causa da malária. “O mosquito adquire o parasita por meio da picada de uma pessoa que está infectada. Então você tem uma pessoa que está com a malária, o mosquito vem, pica o indivíduo, absorve, suga ali o parasita e o parasita fica lá dentro do mosquito. Sendo transmitido para uma outra pessoa que venha ser picada em seguida”.
Guilherme explica porque a possibilidade de casos no Ceará é mais rara dpo que na região Amazônica. “Para você ter a transmissão da malária, você precisa de três atores: o hospedeiro, que são seres humanos e isso tem aqui e tem na Amazônia. Precisa do parasita, e ele está muito mais disponível na Amazônia do que aqui. Tem muito mais gente na Amazônia com malária e muito mais mosquito parasitado pelo plasmodium”,detalha.
Outro fator, de acordo com o infectologista, é que os mosquitos que transmitem a malária vivem principalmente em áreas de mata. “Não são mosquitos de hábitos urbanos como o Aedes aegypti, por exemplo. Então quando a pessoa está numa área que tem mosquitos parasitados com plasmodium e essas pessoas vão até a área de mata, acabam sendo picadas e acabam tendo malária”, explica.
O médico pondera que os insetos existentes no Ceará provavelmente não estão infectados e ressalta que a densidade de parasitas nesses mosquitos também deve ser muito pequena.
Fonte: O POVO