Diante da segunda semana de isolamento social rígido no Ceará, com taxas altas e altíssimas de risco de contágio da Covid-19, o governador Camilo Santana (PT) tem se reunido com prefeitos para ampliar o atendimento às vítimas e ouvir demandas dos gestores. Nesta segunda-feira (22), Camilo Santana conversou com 40 prefeitos da macrorregião de saúde do Cariri.
A expectativa nos municípios é de que nesta semana os números comecem a mostrar sinais de estabilização, contudo, prefeitos apontam que o sistema de saúde beira o colapso no Estado e há risco de escassez dos medicamentos usados para fazer intubação.
Na semana passada, ele se reuniu com cerca de 100 gestores das macrorregiões Norte e de Fortaleza. “É fundamental se antecipar, abrir o posto de saúde, identificar sintomas logo no início para conseguirmos, com isso, reduzir o número de pacientes que precisam ser internados em uma unidade hospitalar”, disse o governador, na quinta-feira (18).
Segundo ele, nesta semana, haverá ainda encontros virtuais com prefeitos do Sertão Central e do Litoral Leste/Jaguaribe.
De acordo com gestores que participaram da conversa nesta segunda-feira, o governador fez um balanço das ações do Estado no Cariri. Ele também ressaltou que a região conta, atualmente, com 716 leitos abertos pelo Estado exclusivos para atender pacientes com a Covid-19.
Apesar do aumento da oferta de leitos, o prefeito do Crato, José Ailton Brasil (PT), foi um dos gestores que defendeu uma ampliação na rede de assistência.
Segundo a prefeita de Brejo Santo, Gislaine Landim (PDT), o cenário é ainda mais delicado porque os municípios estão atingindo a capacidade máxima de expansão. “Aqui em Brejo Santo, temos 30 leitos de enfermaria, mas estamos com 41 pacientes. De 10 leitos de UTI, temos 11 pacientes. Com esses 10 novos leitos aqui para a região, temos esperança de que haja um avanço. Em Brejo Santo, nem sequer temos condições de abrir novos leitos, porque há também uma falta de profissionais”, disse.
Atualmente, na região do Cariri, 49 pacientes aguardam transferência. Desse total, 22 esperam leitos de UTI e 27 de enfermaria. Os dados são da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) e foram obtidos na noite desta segunda-feira, por volta de 20 horas.
Outro motivo de apreensão entre prefeitos cearenses é o abastecimento de oxigênio. Segundo Gislaine, o consumo aumentou consideravelmente. “Aqui, temos usina, mas a demanda aumentou demais. Em Missão Velha, houve um desabastecimento, então outras cidades tiveram de receber pacientes”, disse.
No dia 14 de março, o governador fez uma reunião para tratar do assunto. Segundo ele, há suporte de oxigênio suficiente em todos os hospitais e equipamentos de saúde do Ceará. “Mas há um problema de fornecimento em muitos equipamentos municipais pela questão da logística das empresas contratadas pelos municípios. Ou seja, não há falta de oxigênio no Ceará, mas problema na entrega dessas empresas para os municípios que as contrataram”, disse Camilo.
Nesta segunda-feira, mais um elemento da cadeia de Saúde do Ceará deu sinais de esgotamento, desta vez os insumos para intubação de pacientes. Conforme relevou em entrevista ao Diário do Nordeste a presidente do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Ceará (Cosems-CE), Sayonara Moura Cidade, “pelo menos 80% das cidades com leitos de UTI estão em criticidade”.
O assunto também foi tratado na reunião articulada pelo governador. Conforme a prefeita de Brejo Santo, o estoque baixo dos medicamentos para esse tipo de procedimento é preocupação comum dos gestores.
Fonte: Diário do Nordeste