Clima quente será desafio para distribuição da vacina da covid-19?

Brasil é reconhecido por seu programa nacional de imunizações e por isso tem uma vantagem para a distribuição de uma futura vacina contra a doença

O Brasil, por ser um país continental, com diferentes climas e comunidades em diferentes condições, possui diversos desafios para a distribuição adequada de vacinas e outros produtos biológicos, explica a imunologista Fátima Rodrigues Fernandes, diretora da ASBAI (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia).

Apesar disso, é reconhecido internacionalmente por seu programa nacional de imunizações e por isso tem uma vantagem para a distribuição de uma futura vacina contra covid-19.

As vacinas, por serem produtos biológicos, são sensíveis quanto a frio, calor, umidade e luz, por esse motivo precisam seguir um rigoroso protocolo de armazenamento e transporte chamado cadeia de frio.

“Essa cadeia vai desde o fabricante até a pessoa que aplica e é, inclusive, um segmento da indústria farmacêutica. Existem empresas especializadas nisso, que fazem equipamentos e logística adequada para que esses produtos cheguem sem alteração.”

Caso as vacinas não sejam armazenadas adequadamente, elas podem perder sua capacidade imunogênica, ou seja, não vão proteger contra a doença para que são destinadas.

“Como qualquer produto perecível, pode estragar e em casos extremos até fazer algum mal para a pessoa que consome. Pensa em um iogurte, se ele ficar sem refrigeração você não pode consumir.”

A imunologista explica que o Brasil possui especificidades na distribuição por ser grande, com geografias e climas muito diferentes e regiões muito afastadas.

“Considerando todos os desafios do país, nós já temos um programa de imunizações muito eficiente. Existem até barcos adaptados que levam as vacinas para comunidades ribeirinhas onde o único acesso é de dias de barco.”

Fátima acredita que por conta do trabalho de imunização já feito no país e do programa de saúde familiar, que também procura dar acesso à saúde para comunidades mais distantes, o país tem uma vantagem frente aos desafios. “Claro que ainda não sabemos quais vão ser as necessidades de cada vacina e talvez sejam necessárias adaptações.”

Cada vacina e medicamento possui sua própria especificidade de armazenamento, a maioria das vacinas utilizadas hoje precisam de uma refrigeração entre 2ºC e 8ºC, porém, dependendo do processo de fabricação, os cuidados podem variar.

“A covid-19 está trazendo diversas tecnologias diferentes que ainda estão em testes. Parte da pesquisa científica é para definir os cuidados. Um remédio ou vacina só é registrado com esses dados. A agência reguladora, no caso, a Anvisa, junto com o fabricante define como tem que ser a distribuição e armazenamento dos produtos.”

A vacina da Pfizer, por exemplo, feita à base de RNAmensageiro, precisa ser acondicionada a baixas temperaturas (menos de 70ºC) para transporte ou antes da primeira manipulação. O frasco pode ser acondicionado por até 5 dias em freezer comum (a menos 20ºC) ou por até 15 dias em gelo seco, informa a empresa. O imunizante da Pfizer é um dos candidatos à vacina contra a covid-19 com testes no Brasil.

Fonte: R7