Relato dos dois casos europeus acontece um dia depois que cientistas de Hong Kong confirmaram o primeiro caso de reinfecção.
Um paciente na Holanda e outro na Bélgicaforam reinfectados pelo novo coronavírus, o Sars-CoV-2, segundo noticiou a imprensa holandesa nesta terça-feira (25). O relato dos dois casos europeus acontece um dia depois que cientistas de Hong Kong confirmaram o primeiro caso de reinfecção.
O paciente holandês era um idoso com sistema imunológico enfraquecido, relatou a emissora holandesa NOS, citando a virologista Marion Koopmans.
O virologista explicou que uma reinfecção – como é o caso dos casos holandês e belga – requer testes genéticos tanto no primeiro quanto no segundo caso de infecção para ver se há diferenças no vírus presente.
“Que alguém apareça com uma reinfecção, isso não me deixa nervosa. Temos que ver se isso acontece com frequência”, declarou Marion, de acordo com a agência Deutsche Welle.
A emissora NOS afirmou que o paciente belga apresentou apenas sintomas leves. O virologista Marc Van Ranst explicou à emissora holandesa que os anticorpos que o paciente desenvolveu na primeira infecção não eram fortes o suficiente para evitar uma nova contaminação por uma variante ligeiramente diferente do novo coronavírus.
Reinfectado em Hong Kong
Pesquisadores da Universidade de Hong Kong anunciaram na segunda-feira (24) que um homem de 33 anos, aparentemente saudável, foi infectado duas vezes pelo novo coronavírus em um intervalo de 4 meses e meio.
Ao ser contaminado pela 1ª vez, o paciente teve apenas sintomas leves; na segunda vez, nenhum sintoma. A análise do código genético do vírus mostrou que o vírus da segunda infecção pertencia a uma linhagem diferente da primeira.
Reinfecção é ‘possível’, mas não ‘parece ser comum’
A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou que a reinfecção é possível, mas que os casos de reinfecção pelo novo coronavírus não parecem ser comuns.
“É um caso documentado em mais de 23 milhões. E provavelmente veremos mais casos, mas parece não ser um evento regular”, afirmou a porta-voz, Margaret Harris, sobre o caso em Hong Kong.
Na terça, ao comentar o caso de Hong Kong, a líder técnica da OMS, Maria van Kerkhove, afirmou que, segundo o que se sabe até agora, todos que são infectados pelo Sars-CoV-2 desenvolvem algum nível de imunidade contra ele – a questão é saber o quão protetora ela é e por quanto tempo dura.
Implicações para a vacina
O surgimento de casos comprovados de reinfecção alimenta temores sobre a eficácia das vacinas que estão em teste, embora os especialistas digam que seria necessário haver muito mais casos de reinfecção para que eles se justificassem.
Para a pesquisadora Ester Sabino, da Faculdade de Medicina da USP, que fez parte da equipe que sequenciou o genoma do coronavírus no Brasil, as mutações não são o problema, porque, além de serem poucas, no caso do coronavírus, as mudanças (mutações) que ele sofre não mudam a forma com que é reconhecido pelo sistema imune. A questão é se o corpo é capaz de manter esse reconhecimento a longo prazo.
Fonte: G1