333 mil Famílias beneficiadas: isenção nas contas de água garante serviço essencial durante a pandemia

A professora de educação infantil Maria de Jesus nunca imaginou que o período de enfrentamento ao coronavírus mudaria tanto a vida e as prioridades na rotina da família. Moradora do bairro Floresta, em Fortaleza, ela foi uma das beneficiadas com a medida adotada pelo Governo do Ceará que isenta o pagamento das faturas da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) para imóveis de padrão básico, que consomem até 10m³ por mês.

Casada e mãe de três filhos, dos quais apenas um ainda mora com ela, Maria de Jesus viu a renda familiar reduzir pela metade quando o marido, motorista de passeios de turismo, parou de trabalhar seguindo às recomendações de isolamento social adotadas pelo governador Camilo Santana.

Para ela, receber a fatura da conta de água zerada, paga pelo Governo do Ceará, foi fundamental diante da situação. “Saber que vamos ter a garantia de um serviço essencial por três meses, independente da condição financeira, não é só um alívio para nossa qualidade de vida, como também para nossa saúde mental, que fica prejudicada quando nos atemos a pensar tanto em dívidas”, destaca a professora.

Assim como Maria de Jesus, outras 333 mil famílias de municípios atendidos pela Cagece no Ceará já receberam, esse mês, a conta de água zerada, com isenção garantida pelas condições de padrão do imóvel e nível de consumo.

Além da isenção de faturamento para imóveis de padrão básico que consomem até 10m³ por mês, a cobrança da tarifa de contingência para imóveis de padrão regular, na capital e municípios da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), está suspensa.

Juntas, as duas medidas já beneficiaram cerca de 541 mil famílias até agora. Desse total, aproximadamente 208 mil tiveram a cobrança da tarifa de contingência suspensa na fatura do mês. As duas medidas, adotadas pelo Governo do Ceará no início da crise com o novo coronavírus, valem por três meses.

Com a política pública, o Estado cumpre o papel constitucional de garantir qualidade de vida e segurança da população em meio à pandemia. As medidas possuem impacto direto na garantia da prestação de serviços essenciais para famílias de baixa renda, por exemplo.

Benefício garantido

Do outro lado da cidade, no Planalto Ayton Senna, a vendedora autônoma Ana Paula Coelho também teve a renda comprometida quando decidiu não sair de casa para evitar contaminação pelo coronavírus. Paulinha, como é conhecida no bairro, é vendedora ambulante de roupas e vende, porta a porta, peças para todos os estilos.

A vendedora, que também foi beneficiada com a isenção das faturas da Cagece, diz sentir-se grata com o benefício. “Não é fácil ser autônoma nesse momento. A quarentena está interferindo diretamente na minha renda. Foi um alívio muito grande pegar minha conta de água esse mês e ver que estava zerada. Nós, que somos autônomos, só temos dinheiro se fizermos as vendas, ou seja, não tem dinheiro se não sair de casa. A gente pensa nas contas se acumulando, se preocupa e só consegue agradecer quando chega uma ajuda tão grande quanto essa, uma conta a menos,” agradece.

Ainda em Fortaleza, no bairro Vicente Pinzón, Márcia Rogéria, que ficou desempregada no início da pandemia também já percebe de perto o efeito das medidas adotadas pelo Governo do Ceará. Ela trabalhava como recreadora em um shopping da cidade e teve os serviços dispensados com o encerramento temporário das atividades devido ao coronavírus.

No caso de Márcia Rogéria, que hoje conta apenas com a renda do marido, o benefício chegou em dose dupla. Nos últimos dias ela recebeu isentas as contas de água e energia elétrica. “Fiquei muito feliz quando recebi a conta da Cagece e a de energia zeradas. Foi uma economia muito grande nesse momento, porque também temos que pagar aluguel e outros serviços que não podem faltar. Estamos utilizando o dinheiro que a gente economizou com esse benefício para comprar alimento”, explica Márcia.

No extremo sul do Ceará, no município de Mauriti, Ananda Brilhante, prestadora de serviços autônomos também foi surpreendida com a conta de água zerada. “É um momento muito complicado e, sem dúvida, uma medida muito prudente por parte do governo e da Cagece. Como sou autônoma, a isenção da conta de água foi uma grande ajuda”, relata.

Novos hábitos na relação com a água

Durante o isolamento social, com mais gente em casa, o uso responsável da água é um desafio que muitas famílias precisam ficar atentas. Isso porque o Ceará ainda atravessa um estado crítico de escassez hídrica e, portanto, é importante que a população mantenha hábitos de uso responsável da água, sem deixar de lado a higienização necessária no combate ao coronavírus.

A contrapartida da população vem de pequenos e novos hábitos na relação com água que é consumida em casa. Débora Teixeira, tatuadora e ilustradora, mora com a família no bairro Passaré, em Fortaleza. Ela conta que o benefício da isenção da conta de água deixou a família mais tranquila e reconhece a importância do uso responsável da água.

“Quando recebemos o benefício ficamos mais tranquilos. Mas sabemos que ele só foi possível porque conseguimos manter o consumo dentro do padrão de 10 m³. Aqui em casa já fazíamos uma economia bacana. Até porque, esse cuidado com o uso da água é algo que construímos ao longo de anos”, ressalta a tatuadora.

Débora mora em um apartamento com o marido e duas crianças, filhos do casal. Diariamente, a tatuadora adota medidas simples e que fazem toda a diferença no consumo de água, como explica a tatuadora. “Aqui em casa, 80% da água de lavagem das roupas é reutilizada. Durante a quarentena, por exemplo, como estamos sempre em casa, diminuímos as roupas de uso diário, optando por peças mais leves que permitam lavagens mais econômicas, explica”.

Na casa da professora Maria de Jesus, os cuidados com o consumo de água também estão à vista o tempo inteiro. “Aqui em casa economizamos água de várias formas. Primeiro, temos organizado por escrito os dias da semana de lavar roupas. Só lavamos quando acumulam peças. A água do enxágue, por exemplo, vai para lavagem do quintal, do banheiro e da parte mais externa na casa, inclusive para descarga, uma vez que não acionamos a caixa acoplada do vaso sanitário de maneira nenhuma. É esse tipo de cuidado que nos permite usar apenas 8 metros cúbicos de água por mês, há vários anos, ensina.