Única brasileira a integrar a equipe do vencedor do Prêmio Nobel de Medicina 2019, Sir Peter J. Ratcliffe, a bióloga piauiense Joanna Darck Carola Correia lima contou ao G1 a sensação de integrar a equipe de um dos vencedores e disse como iniciou a pesquisa, ainda no Brasil, com o mesmo tema pesquisado por Peter: “É uma honra, só tenho a agradecer”.
Joanna formou-se em biologia na Universidade Federal do Piauí (Ufpi) e há sete anos mudou-se para São Paulo, onde no mestrado começou a pesquisar a perda de peso em pacientes em tratamento contra o câncer.
Aos poucos, surgiu o interesse de estudar no doutorado mais profundamente a hipóxia que, resumidamente, consiste na baixa oxigenação celular. O processo ocorre naturalmente quando praticamos exercícios físicos ou estamos e em grandes altitudes, mas também é uma característica de células cancerígenas.
“Isso pode gerar um aumento de processo inflamatório, resistência à terapia, entre outras coisas. No Brasil tivemos interesse de estudar isso e falamos com professor Peter, decidimos usar a bolsa de estudos para passar um ano estudando com ele”, explicou.
Ela passou então a integrar a equipe de pesquisas de Sir Peter Ratcliffe, na Universidade de Oxford, na Inglaterra. Segundo ela, desde o início o professor mostrou-se extremamente humilde e disposto a ensinar.
“Desde que cheguei, aprendi técnicas, participei de discussões científicas únicas. Nos reunimos semanalmente no laboratório e ele sabe o nome de todos que estão na equipe. Ele é uma mente pensante, discute, dá ideias, estimula a pensar, orienta, é simples e acessível”, diz.
Para Joanna, fazer parte do grupo liderado por um vencedor do Nobel era quase inimaginável para ela, quando iniciou nas pesquisas científicas.
““Sair do Piauí e ir pra São Paulo já era algo muito grande, quase impossível de conseguir, depois estudar fora do país foi um grande passo, e ainda ser agraciada com um supervisor ganhador do Nobel, foi uma honra, não tinha palavras. Só tinha a agradecer. A chance de isso acontecer na vida é mínima. São poucos os cientistas que conseguem isso e estou dentro dessa porcentagem”, comemorou a pesquisadora.
A descoberta
A novidade da pesquisa que venceu o Nobel foi entender como o oxigênio controla o processo de criar mais células vermelhas do sangue. Isso porque a queda nos níveis de oxigênio levava a um aumento na produção de células vermelhas do sangue: quanto mais células vermelhas o corpo tem, mais oxigênio consegue obter. A conclusão foi premiada somente este ano porque agora está claro como esse mecanismo funciona.
Esta descoberta, aplicada às condições como algumas doenças se apresentam, pode levar a futuros tratamentos contra, principalmente, tumores que crescem em ambientes com baixa quantidade de oxigênio e que são bastante agressivos, como os de cabeça e pescoço e colo de útero.
Fonte: G1.com