Interoperabilidade. Uma palavra de difícil pronúncia, não tão comum de ser ouvida, mas que no contexto da Segurança Pública do Ceará é utilizada diariamente e de forma quase invisível ao olhar do cidadão. A exemplo disso está o trabalho conjunto entre profissionais de segurança e as inteligências artificiais desenvolvidas pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). Em uma ocorrência registrada no último domingo (27), a junção do trabalho humano, aliado às câmeras de videomonitoramento, ao Sistema Policial Indicativo de Abordagem (Spia) e ao reconhecimento facial, culminou na elucidação de um roubo de veículo.
Tudo começou quando uma motocicleta com queixa de roubo foi detectada por um sensor do Spia, às 10h23, quando esta passava por uma das ruas do Álvaro Weyne – Área Integrada de Segurança 4 (AIS 4), em Fortaleza. Um minuto depois, exatamente às 10h24, os operadores da Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops), já cientes sobre a localização do veículo, passaram a acompanhar o seu percurso por meio das câmeras de videomonitoramento. Concomitante a isso, os homens e mulheres da Ciops traçavam o cerco inteligente e orientavam as viaturas da Polícia Militar do Ceará (PMCE), indicando o melhor ponto para abordagem.
O condutor da motocicleta roubada foi abordado às 10h32, no bairro Monte Castelo (AIS 4), por uma viatura da Polícia Militar, lotada na própria SSPDS. Na revista, o homem repassou um nome, que levantou suspeita por parte dos policiais militares. Com isso, a equipe utilizou, por meio do aplicativo Portal do Comando Avançado (PCA) da SSPDS, a tecnologia do reconhecimento facial. Com uma foto tirada pela própria câmera do smartphone, a ferramenta chegou ao nome verdadeiro do condutor: Jaime Teixeira de Sousa (21), natural de Campinas, em São Paulo, e com antecedentes criminais no Ceará por tráfico de drogas, receptação e furto.
Todo o procedimento desde a detecção do veículo Spia, até o reconhecimento do suspeito por meio do aplicativo PCA, se enquadra na teoria da “Polícia 4.0”, que possui pontos em comum com a “Indústria 4.0”. Ou seja, a modernização dos trabalhos por meio da inserção de novas tecnologias, automação de tarefas, e do controle de informações e de dados. Tudo isso funciona como uma linha de produção, mesmo no contexto da Segurança Pública. Por isso a semelhança aos processos industriais.
A utilização do reconhecimento facial em smartphones coloca as Forças de Segurança cearenses no mesmo patamar de polícias de outros países, como no País de Gales, na Grã-Bretanha. Em agosto deste ano, a polícia de Gales do Sul passou a utilizar a tecnologia em dispositivos móveis pela primeira vez, em uma fase de teste por três meses. Atualmente, no Ceará, 50 composições utilizam o reconhecimento facial no aparelho celular. O objetivo agora é que cada vez mais os softwares sejam aprimorados para utilização em larga escala.
“É uma demonstração do que pensamos para a nossa Polícia do futuro e ela já está bem próxima. Ou seja, uma polícia que saberá fazer o uso das ferramentas tecnológicas, associando toda essa tecnologia ao seu dia-a-dia e com um verdadeiro processo de aculturamento da atividade policial, que fundirá a utilização do tirocínio, baseado na experiência do policial, aliada à cultura do mundo digital, trabalhando e aproveitando dados, e deixando-os disponíveis para os serviços de inteligência e de investigação. Com isso, o policial nas ruas consegue ter uma melhor consciência situacional, ou seja, tomar melhores decisões e em muito menos tempo baseado em dados e informações.”, destaca o secretário da SSPDS, André Costa.
O término da ocorrência se deu no 34° Distrito Policial (DP), no bairro Farias Brito. Em depoimento, o proprietário da motocicleta afirmou que teve o veículo subtraído no dia 21 de outubro. Na ocasião, a vítima levou a moto até uma rua no bairro São Gerardo, onde negociaria a sua venda. Jaime, que era o interessado, anunciou o assalto e subtraiu a motocicleta. O suspeito foi autuado por falsa identidade e responderá também pelo roubo de veículo.