Com o fim das férias, muitos pais ficam na dúvida de como incluir alimentos saudáveis no lanche escolar dos filhos. Biscoitos, salgadinhos, doces, suco de caixinha são itens comuns na alimentação das crianças, principalmente, nas refeições na escola. Esses alimentos, aparentemente inofensivos, escondem riscos à saúde dos pequenos. O consumo excessivo pode causar problemas graves, principalmente na ocorrência de Doenças Crônicas Não-Transmissíveis (DCNT), como obesidade, diabetes, hipertensão, câncer e agravos cardiovasculares.
Às vezes, na pressa, pode acontecer de pais ou responsáveis orientarem a criança comprar o lanche na hora do intervalo na cantina da escola, que nem sempre oferece opções saudáveis. Com pequenas mudanças na rotina, é possível seguir uma alimentação equilibrada que refletirá na nutrição da criança e da família.
A Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa) orienta que uma alimentação saudável é importante para o desenvolvimento e crescimento da criança. A pediatra Virna Silva, do Hospital Infantil Alberto Sabian (Hias), unidade da Sesa, chama atenção para os reflexos de uma alimentação inadequada na primeira infância.
“Durante os primeiros anos de vida da criança, uma má alimentação gera aumento de peso, taxas inflamatórias no sangue, inclusive, diabetes e outras doenças. Muitas vezes a criança está com o peso normal, mas em termo de nutrientes não está suprida. Caso não se alimente adequadamente terá deficiência de vitaminas, terá menor concentração, cansaço, alteração do metabolismo, entre outros problemas de saúde”, aponta Virna Silva.
Planejamento do cardápio
A orientação é tentar organizar um cardápio equilibrado para as crianças e para toda a família.”É fundamental uma boa alimentação devido a criança estar numa fase de intenso crescimento, desenvolvimento neurológico e cerebral. Hoje, com o ritmo de trabalho dos pais, se encontra pouco tempo para cuidar da alimentação dos filhos. Em geral acaba-se procurando lanches rápidos e que geralmente são industrializados e ricos em gorduras, conservantes, muito sal, que não fazem bem a saúde”, reforça a pediatra.
Um dos incentivos para uma lancheira saudável é os pais realizarem o planejamento semanal das refeições com as crianças. Os adultos devem levar em conta a necessidade de alimentos que sejam fontes de energia, rico em fibras, que aumentam a saciedade da criança, como sanduíches naturais, pães integrais, frutas da estação, entre outros.
Rochele Riquet, nutricionista do Centro de Saúde Meireles, unidade da Sesa, também orienta que, no período de volta às aulas, pais e cuidadores priorizem alimentos ricos em fontes de energia, frutas e preparações caseiras.
“Parece um bicho de sete cabeças a hora de preparo do lanche da escola. Na correria do dia a dia, logo vem a ideia de praticidade, de como acondicionar ou como combinar os grupos alimentares na lancheira”, disse. Ela orienta os pais a reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados, açucarados e com adição de corantes, como balas, chicletes, salgadinhos e sucos instantâneos ou de caixinhas.
Alimentos in natura
Além disso, pode-se optar, preferencialmente, por alimentos regionais e produtos básicos, in natura ou minimamente processados. As frutas devem estar entre as principais opções, já que são excelentes fontes de vitaminas e minerais. Os legumes e verduras, também, podem ser adicionados à lancheira escolar de forma divertida com variedade de cores e sabores como tomate, cenoura e beterraba, entre outros, tornando esse processo de escolha divertido para a criança. Prefira frutas, verduras e legumes da estação para compor a lancheira dos pequenos.
Para a bebida, a água não pode faltar, mas também podem entrar na lancheira suco natural da fruta e água de coco, evitando-se o consumo de sucos em pó ou de caixinha, entre outras bebidas ricas em açúcar e aditivos como corantes e conservantes. É importante lembrar que para evitar que os alimentos estraguem deve-se usar uma lancheira e garrafa térmica, que conserve a temperatura adequada no transporte dos alimentos.
Sugestões nutritivas na lancheira
Frutas: maçã, banana, laranja, pera, melão, melancia e frutas da estação.
Lanches: pão de queijo, bolo caseiro, milho, sanduíche de patê caseiro, pipoca ou castanhas.
Bebidas: suco natural da fruta, iogurte integral, água de coco.
Pães: pão de forma integral, pão de batata, pãozinho de leite.
Recheios: patê caseiro de frango ou de queijo.
Verduras: alface, rodelas de tomate, repolho roxo picado fininho, cenoura ou beterraba ralada.
Quantidade adequada de alimentos
A recomendação é que a quantidade de alimentos na lancheira seja apropriada à necessidade da criança com porções adequadas conforme a idade. Além disso, o controle do peso é outra forma eficiente para saber se a quantidade consumida está devida. A variedade de cores e sabores torna o processo de escolha divertido para os pequenos, daí a importância de envolvê-los nessa atividade sugerindo opções saudáveis.
Rochele Riquet destaca inserir as crianças em cada fase, desde o processo de compra, escolha e preparação dos alimentos que levarão na lancheira.”Longe de ser apenas uma obrigação, os lanches precisam também de variedade, e se possível, serem uma diversão para os pequenos. A dica é chamar a criança para ajudar a decidir o que vão comer, elas gostam de participar, e isso também ensina a desenvolver autonomia e a equilibrar sua alimentação”, explica.
A nutricionista orienta ainda que os pais tornem os alimentos divertidos e façam palitinhos de frutas, comprem utensílios como boleadores ou cortadores de pães e usem a criatividade para tornar mais lúdico o momento do lanche.“Produtos ultraprocessados contribuem com uma elevada densidade energética, possuem menor quantidade de fibras, vitaminas e minerais, excesso de gorduras, açúcar e sódio. Eles são prejudiciais à saúde”, destaca.