O mês de julho antecede o início da estação dos ventos no Ceará. Período que preocupa pela incidência de crises alérgicas e asmáticas. Especialistas do Hospital Infantil Albert Sabin (Hias) e do Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes, ambos do Governo do Ceará, dão dicas de prevenção e de como se cuidar em caso de crise.
No Nordeste, o primeiro semestre é marcado por chuvas intensas e, consequentemente, o aumento de casos de viroses. Já na segunda metade do ano, o vento é o protagonista. “Não há um estudo científico, mas, de fato, o clima muda. O vento chega mais forte e carrega mais a poeira para dentro de casa, além de ser época de floração de plantas frutíferas, como manga e caju. A polinização e a poeira, associados ao vento, podem causar doenças respiratórias. E elas são comuns nessa época do ano”, explicou Janaíra Fernandes, alergologista do Hias.
De acordo com a especialista, tomar alguns cuidados antes dos ventos fortes começarem podem evitar crises. Realizar a limpeza da casa com panos úmidos para não levantar poeira, optar por fazer as faxinas a tarde e manter a casa limpa para uma boa noite de sono. É importante que as janelas fiquem fechadas após limpeza e, de preferência, não utilizar cortinas e tapetes. “São medidas que evitam acúmulo de poeira. Quem já é alérgico, principalmente, precisa ter mais cuidado”, disse.
Uma outra ação que pode trazer bons resultados é a prática de exercícios regulares. A dona de casa Maria Regiane Pereira de Sousa, mãe do adolescente Francisco Ruan, de 15 anos, acredita que as atividades físicas do filho, não apenas melhoraram sua saúde, como também o seu humor. “Ele está na adolescência, é uma época difícil. Ele pratica muay thai há cinco meses e posso afirmar que ele mudou. Antes passava mais tempo no computador, agora não”, disse. Ruan nasceu com hidrocefalia (acúmulo de líquido dentro do crânio), mielomeningocele (malformação congênita da coluna vertebral ), malformações congênitas em algumas partes do corpo e tem se tratado no Albert Sabin desde o nascimento.
“Ele sofria com alergias com frequência. Mas passou. Logo, mesmo antes do muay thay, ele gostava de se exercitar, pediu ao pai que fizesse pesos pra ele. Ele ficou forte, meu filho é muito bonito, é lindo”, disse a mãe que apoia a paixão do filho por esportes. “Há uns meses, nós pagamos ao professor para vir ensinar em casa porque ele tinha receio de ir fazer com todo mundo, de não conseguir. Mas o professor insistiu com ele e acabou convencendo ele a ir. Agora não falta mais, toda terça e quinta ele está lá na aula com todos. A aula coletiva é de graça”, contou orgulhosa.
“Antes eu gostava de correr, mas o muay thai faz eu me sentir muito bem e fiz amigos”, disse o jovem Ruan.
De acordo com Jananaíra Fernandes, atividades físicas regulares melhoram o funcionamento respiratório e aumenta a resistência, consequentemente, tornam o indivíduo mais forte contra agentes infecciosos. “Mas tem de ser regular, no caso de crianças, mesmo que seja apenas brincar em um parquinho, tem de ser com frequência. Não dá para começar agora e achar que mês que vem estará com o condicionamento necessário”, afirmou.
A médica, no entanto, ressalta que se o paciente já apresenta crises de rinite ou de asma regularmente nesta época do ano, ou são pacientes crônicos, recomenda procurar o médico para iniciar um tratamento preventivo. “Se é uma certeza do paciente, ou se tem uma condição mais grave, é sempre bom analisar a necessidade de receitar um corticoide ou anti-histamínico antes das crises iniciarem”, disse.
Segundo a pneumologista do Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes, Isaura Espínola, os pacientes crônicos e idosos, devem ter atenção redobrada. Devendo seguir as recomendações e buscar realizar os exercícios em ambientes fechados, como academias ou em casa. “O vento carrega fatores que irritam a mucosa brônquica e aumentam a predisposição a crises principalmente nos asmáticos e alérgicos em geral. Então, os ambientes fechados reduzem o risco”, orienta.
A aposentada Maria Aldenora de Souza, 82 anos, descobriu a asma há oito anos, apesar de tomar medicação, ela conta que tem falta de ar e crises recorrentes. Na quinta-feira (11), durante a primeira consulta no Programa de Controle da Asma Grave e de Difícil Controle (Procam), ela descobriu que a causa das crises pode estar dentro da própria casa. “Minha casa está sempre limpa, mas moro em um sítio e lá tem muitos cajueiros, cachorro, gato e passarinhos. Agora eu vou evitar de deixá-los dentro de casa, principalmente neste período do ano, que tem muita ventania. Eu não sabia que fazia tanto mal”, comenta.
Os pacientes crônicos também devem sempre usar soro fisiológico ou spray de jato contínuo, por cinco segundos, para limpar as vias nasais e manter as vacinas contra gripe e pneumonia atualizadas. “Tomando esses cuidados, dá pra evitar as crises, controlar as doenças e consequentemente evitar as internações durante o ano todo”, ressalta a pneumologista.
Fonte: Governo do Estado do Ceará