O advogado da família do turista Ricardo José Hilário Silva, que morreu no ano passado em um acidente no parque aquático Beach Park, na Grande Fortaleza, afirmou que 66% das medidas de segurança não foram cumpridas pela empresa. Marcos Albuquerque disse que o acidente ocorreu em decorrência do descumprimento das normas de funcionamento do brinquedo “Vainkará”.
O turista de Sorocaba estava na boia do brinquedo com mais três pessoas, no dia 16 de julho de 2018, quando caiu e bateu a cabeça. A atração havia sido inaugurada dois dias antes. Apesar de ser socorrido de imediato, Hilário morreu ainda no parque. Ele era turista de Sorocaba, em São Paulo, onde foi sepultado depois do acidente. O brinquedo permanece fechado.
Em nota, o Beach Park disse ter prestado “toda assistência às vítimas e familiares”. A empresa ainda ressaltou que “continua seus procedimentos de segurança e promovendo o debate com o setor para que a experiência no Beach Park seja cada vez mais segura e agradável”.
O advogado Marcos Albuquerque, que representa a família do turista, garante que o acidente ocorreu exclusivamente por falha do Beach Park.
“Havia três procedimentos que o parque tinha que contabilizar: estatura, peso e distribuição na boia. Desses, o Beach Park não se atentou para dois. Ou seja, 66% das medidas de segurança não foram cumpridas.”
Os dois procedimentos aos quais Marcos se refere seriam a checagem do peso máximo de 320 kg das quatro pessoas e a distribuição correta destas na boia do equipamento.
Com isso, segundo Marcos, a empresa responsável pela elaboração e construção do equipamento não pode ser culpabilizada, uma vez que “se o acidente tivesse ocorrido dentro das normas de funcionamento, seria diferente. O brinquedo funcionou por três dias. Nos dois primeiros, a empresa estava presente para orientar. No primeiro dia de responsabilidade única do Beach Park, o acidente ocorreu, ainda nas primeiras horas”.
Assistência à família
Segundo o advogado, o Beach Park só prestou auxílio à família da vítima no ato de transporte do corpo de Ricardo de Fortaleza para Sorocaba/SP, onde morava o radialista. O acordo de serviços, por parte do Beach Park, com relação à família ainda não foi selado e o processo segue em tramitação na 2ª Vara Criminal de Aquiraz. Ricardo deixou uma viúva e uma filha de 8 anos. A família da vítima e a empresa ainda tentam um acordo judicial.
Até o momento, a delegada de Proteção ao Turismo de Fortaleza, Penélope Malveira, exerceu o indiciamento criminal a Milton Ribeiro Parente Filho, diretor de operações do Beach Park.
O Beach Park esclareceu que contratou uma empresa de perícia externa para “entender as razões que levaram ao fato. O laudo da empresa americana ESi comprovou que o brinquedo Vainkará apresenta falha de projeto, alterando a trajetória da boia independentemente do peso, o que foi determinante para ocorrer o acidente.”
“O design do referido toboágua resulta em situações onde a boia se torna instável e não segura, mesmo quando o peso dos usuários soma menos que 320 kg”, diz o relatório apresentado pela empresa.
Fonte: g1.com