Primeiro implante de ouvido biônico do Hospital Universitário é feito em paciente após 12 anos de perda da audição

O Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), em Fortaleza, realizou, na quinta-feira (25), o primeiro implante coclear de sua história, procedimento utilizado para devolver a audição em paciente com quadros severos de surdez. A agricultora Maria Liduína de Castro Alves, 33, recebeu o implante após cerca de 12 anos sem audição. “O som que eu quero mais ouvir é a palavra de Deus. É por essa razão que eu estou aqui”, ressalta.

Conhecido como ouvido biônico, o equipamento eletrônico substitui a função do ouvido interno em pessoas com perda total da audição ou quase total. Sobre o processo, o professor da Faculdade de Medicina da UFC, Marcos Rabelo, diz que o dispositivo substitui a função da cóclea. “É introduzido um dispositivo dentro da cóclea, órgão mais interno do ouvido da gente, que vai simular diretamente no nervo auditivo”, esclarece.

Marcos explica que o implante coclear tem sido utilizado para devolver a capacidade de ouvir em pacientes portadores de surdez severa a profunda. Conforme o médico, o implante é feito em pacientes que não se beneficiam com o uso de próteses auditivas convencionais. “O processo de credenciamento foi bastante demorado, tecnicamente nós estávamos habilitados há bastante tempo, somos pioneiros no serviço de saúde auditiva. Então há muito tempo que nós trabalhamos com programa de aparelhos auditivos.

A fonoaudióloga Alessandra Mendonça explica o processo para a realização do implante, no Hospital Universitário: o paciente candidato é avaliado por uma equipe multiprofissional. Se indicado, ele é encaminhado para cirurgia de implante do componente interno e após 30 dias é realizada a ativação do componente externo. “A reabilitação fonoaudiológica é fundamental já que o paciente vai reaprender a ouvir sons de fala e sons ambientais. A terapia vai ajudar a descobrir os sons”, pontua sobre o processo após a cirurgia.

Primeira paciente

A agricultura Liduína Alves começou a perceber os primeiros sinais da perda de audição aos 12 anos. Ela conta das dificuldades em acessar os serviços de saúde em Itapiúna e na região do Maciço de Baturité, e que a situação foi agravando até aos 21 anos em que perdeu a audição.

Nesse período ela desenvolveu a capacidade de leitura labial. “Tudo começou numa consulta com a minha filha. Eu pedi para o médico falar devagar para eu poder ler os lábios e entender e assim foi dando certo. Mas eu quero escutar, se Deus quiser esse dia vai chegar”, conta.

Credenciamento

O Hospital Universitário faz parte da unidade do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Ceará (UFC) filiada à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH). Desde 2005, o HUWC tentava credenciamento com a Secretaria da Saúde do Estado para habilitação do programa de implante coclear, que permite que o Sistema Único de Saúde (SUS) cubra os procedimentos realizados. Além do Hospital Universitário, o Hospital Geral de Fortaleza (HGF) também realiza o procedimento.

Atualmente, 55 pacientes já atendidos no Hospital Universitário são candidatos ao procedimento. Só depois do atendimento a essas pessoas será possível receber pacientes encaminhados pela Central de Regulação do Estado.

Segundo dados do Grupo de Implante Coclear do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), o implante coclear já beneficia mais de 400 mil pessoas no mundo, sendo contabilizados cerca de 7 mil usuários somente no Brasil.

Fonte: G1.com