Risco estrutural do Holiday é alto, aponta Defesa Civil do Recife

O risco estrutural do Edifício Holiday, em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, é alto, de acordo com a Defesa Civil da capital pernambucana. Em uma escala que vai 1 de a 4, o prédio encontra-se em grau 3. Segundo o órgão, por causa da queda de reboco e problemas nas fundações, imóvel necessita de reformas.

“Está na hora de fazer a manutenção. Quando chega ao nível 4, significa que mexeu na estrutura e, então, tem perigo de desabamento”, afirmou o secretário–executivo do órgão, coronel Cássio Sinomar.

Há pouco mais de uma semana, o prédio, que tem 476 apartamentos em 17 pavimentos, está sem luz e água. A falta de energia foi provocada por um curto-circuito no sistema da edificação.

Por causa disso, mais de 40 famílias deixaram os imóveis, nesse período, aumentando o problema da falta de recursos no condomínio. A inadimplência chega a 80%, segundo os moradores.

Em entrevista ao G1 nesta quarta-feira (13), o secretário-executivo da Defesa Civil do Recife disse que este ano foram feitas duas ou três avaliações no Holiday. “O caso está na Justiça. Temos que garantir a segurança das pessoas”, afirmou.

Sinomar apontou que existem problemas nas fundações da edificação e desprendimento de material. “É feito o corpo humano. Tem que fazer a manutenção sempre. Caso contrário, aparecem os problemas”, declarou

A avaliação da Defesa Civil foi reforçada pelos resultados das análises realizadas pelo Corpo de Bombeiros. Em entrevista ao Bom Dia Pernambuco, nesta quarta (13), o chefe de fiscalização da corporação, tenente-coronel Erick Aprígio, informou que o Holiday tem diversas patologias.

Ele salientou que as condições do prédio são precárias e o risco de incêndio é muito alto, podendo comprometer as edificações vizinhas.

“A situação de hoje não é repentina. Já fez três anos que estamos alertando e o problema vem piorando cada vez mais, a cada ano”, declarou.

Aprígio enumerou os problemas e destacou que eles vão desde a inundação do subsolo até a falta de componentes básicos de prevenção ao fogo, além de falhas e da sobrecarga das instalações elétricas.

“Não existem hidrantes, para-raios e extintores. Além disso, há muito lixo acumulado, dificultando a circulação das pessoas e agravando a situação em caso de incêndios. Por isso, judicializamos o caso. Isso foi feito para salvar vidas”, afirmou.

Medidas

Para Cássio Sinomar e Erick Aprígio, a situação do Holiday deve servir de alerta para moradores de outros condomínios. Na avaliação deles, é necessário fazer as avaliações periódicas de cumprir as normas técnicas.

“Toda edificação multifamiliar deve ter manutenção e os sistemas de prevenção a incêndios e pânico precisam ficam em dia. O corpo de Bombeiros realiza vistorias constantes para evitar esses acidentes” disse.

O secretário-executivo de Defesa Civil do Recife salientou que cabe ao poder público alertar todos os responsáveis por edificações. “Isso pode acontecer em qualquer lugar. Devemos ficar sempre atentos ao surgirem os primeiros problemas”, observou.

Drama

Por causa de todos os problemas diagnosticados do Holiday, os moradores estão enfrentando dificuldades. No prédio, existem idosos e pessoas com dificuldades de locomoção. Em virtude do problema da energia, os elevadores estão parados.

Sem luz, alguns moradores passaram a usar velas. Isso aumenta ainda mais o risco de incêndio nos apartamentos.

A Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) informou que luz só será restabelecida quando forem feitas as correções necessárias no sistema elétrico do edifício.

Diante do drama dos moradores, o governo do estado in formou, na terça-feira (12), que pretende fazer um cadastro dos idosos que moram no Holiday para tentar ajudá-los enquanto o futuro do edifício segue incerto.

A Secretaria de Direitos Humanos do Recife informou que tentou levantar o perfil dos moradores que precisam de auxílio, mas os fiscais não tiveram a entrada permitida pelos moradores.

Inquérito

Em fevereiro, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) instaurou um inquérito civil para investigar as condições de habitabilidade do Edifício Holiday. Construído em 1957, o prédio apresenta riscos aos moradores e frequentadores, segundo o órgão.

Os técnicos da Celpe estiveram no local duas vezes para efetuar o corte de energia no prédio, mas foram hostilizados pelos moradores. A companhia prestou queixa na polícia sobre o ocorrido. Durante um carnaval, um problema elétrico deixou o prédio sem energia.

Em um protesto realizado na sexta (8), moradores exigiram reparos à Companhia Energética de Pernambuco (Celpe). A concessionária informou, no entanto, que só vai restabelecer a energia quando o condomínio fizer as correções no sistema elétrico e quando houver segurança.

Na segunda (11), O Corpo de Bombeiros afirmou que a situação de habitabilidade no Edifício Holiday “chegou ao limite” e que o prédio oferece riscos aos moradores. A corporação defende a interdição para reparos estruturais e no sistema elétrico.

Na terça-feira (12), o síndico do prédio, José Rufino Neto, afirmou que entre 80 e 90 apartamentos foram desocupados desde que o condomínio ficou sem luz e, consequentemente, sem água. Ele apontou que conseguir dinheiro para fazer os reparos na estrutura está cada vez mais difícil.

Fonte: G1.com