Por razões ideológicas, estratégias e econômicas, a China se aproximou da Venezuela e se constituiu nos últimos anos no principal suporte financeiro do chavismo.
Os especialistas em China estimam que o país já colocou algo como US$ 60 bilhões na Venezuela sob as mais diversas formas: empréstimos vinculados a contratos de compra petróleo, financiamentos, parcerias em investimentos.
Pequim nem confirma nem desmente esses números. Por isso têm sido usados como referência segura para dimensionar a presença chinesa na Venezuela.
Mas o que será da relação entre os dois países, caso o presidente Nicolás Maduro seja afastado do poder e o vínculo de proximidade ideológica desaparecer com um novo governo de perfil liberal ou de direita?
A China é o maior importador de petróleo do mundo. A Venezuela detém as maiores reservas de petróleo do planeta, embora com produção declinante pelo desatino da gestão chavista na estatal Pdvsa. Sob esse aspecto, a China tem todo interesse em manter a presença econômica na Venezuela.
O ex-embaixador do Brasil em Pequim, Marcos Caramuru, que há muitos anos mora no país, acha que a China enfrentará uma situação nova, caso Maduro seja afastado.
A Venezuela certamente terá que chamar os credores para renegociação de uma dívida que não tem condições de pagar. Isso, segundo ele, é um desafio para a estratégia da China de ir “envolvendo” seus parceiros comerciais, ampliando empréstimos e investimentos de forma a aumentar seu poder de influência.
Como reagirá Pequim diante de um calote de um país que, com a eventual queda de Maduro, já não será tão “amigo”?
O interesse chinês no petróleo venezuelano e a proteção dos investimentos e empréstimos concedidos no período chavista explicam, pelo menos em parte, a posição contrária da China às pressões internacionais para remover Maduro do poder e restabelecer a democracia na Venezuela.
Fonte: G1.com