O Museu do Homem do Nordeste, da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), na Zona Norte do Recife, inaugurou nesta terça-feira (18) um presépio de Natal multicultural, inserindo personagens de diversas nacionalidades na referência ao nascimento de Jesus. A ideia, segundo a instituição, é promover o respeito às diferenças e levar representatividade a um dos maiores símbolos da época.
O presépio, que conta com mais de 120 personagens, tornou-se uma exposição, que fica disponível gratuitamente até o dia 6 de janeiro, quando é celebrado o Dia de Reis. A Sagrada Família, item central de todo presépio, é representada por bonecos africanos, negros.
A figura de Maria, que carrega Jesus no colo, usa dreadlocks no cabelo. O penteado faz parte do movimento rastafári, surgido na Jamaica.
A antropóloga Ciema Mello, uma das responsáveis pela exposição, explica que algumas das figuras fazem parte do acervo de mais de 16 mil peças da Fundaj. Outras, no entanto, foram emprestadas ou doadas por amigos do museu, que decidiram contribuir para tornar o presépio o mais autêntico e multicultural possível.
Bonecos de presépio multicultural foram emprestados ou fazem parte do acervo da Fundaj, no Recife — Foto: Malu Didier/Fundaj/Divulgação
Ainda segundo Ciema, mesmo sendo um símbolo cristão, o presépio busca incluir pessoas de todas as crenças, ou mesmo quem é ateu. O presépio é africano, mas rodeado por bonecos de todo mundo. Há russos ortodoxos, muçulmanos, anglicanos, judeus americanos, bonecas dinamarquesas e de várias nacionalidades.
“Há muitos deuses, mas Jesus é muito querido e festejado. Esse presépio multicultural é para dizer que, mais importante que nossas diferenças, são nossas semelhanças. Todas as peças são autênticas, de diversas partes do mundo. Muitos foram trazidos por amigos do museu. É como diz o ditado: mais vale amigos na praça que dinheiro no bolso”, diz.
Cerca de 120 bonecos de diversas nacionalidades fazem parte de presépio multicultural no Recife — Foto: Malu Didier/Fundaj/Divulgação
Durante a cerimônia de inauguração do presépio, foi realizada uma homenagem ao funcionário mais antigo do museu, Rizonildo Guedes, que é conservador chefe do acervo da fundação. Segundo a Fundaj, a exposição fica disponível durante os horários do museu, nos dias de semana, das 8h30 às 17h e nos fins de semana, das 14h às 17h.
Ainda segundo Ciema, o presépio marca uma tentativa do museu de incluir pessoas e suas diferenças no mesmo espaço cultural.
“Com isso, o museu escreve um cartão de Natal para seus visitantes. Nossa interpretação do salmo de Lucas, que diz ‘glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade’ é a de que o Jesus Cristinho inspire brandura e apreço pelas nossas diferenças”, afirma.
Fonte: G1