Catador realiza sonho de casa de alvenaria através de doações e mobília encontrada no lixo

Catador de recicláveis e ex-morador de rua, a vida de Lúcio Barbosa, de 58 anos, mudou nos últimos seis meses. Através do trabalho duro e da solidariedade das pessoas, o sonho de ter uma casa própria de alvenaria finalmente se concretizou. (Veja vídeo acima)

Bom Dia Pernambuco contou a história de superação de Lúcio e acompanhou o dia-a-dia da coleta na edição do dia 28 de dezembro, em uma série de reportagens inspiradoras.

O “Rancho de Seu Lúcio”, como ele apelidou o barraco de madeira onde morava, na comunidade Irmã Dorothy, em Boa Viagem, deu lugar a uma casa, mobiliada em sua maioria com móveis retirados no lixo, e tudo feito por ele mesmo.

“Minha força de vontade. Eu e Deus. Passei cinco meses com Deus aqui dentro da minha casa. Eu fazia massa e fazia o piso, que nem antes, que eu levantei [as paredes] e depois reboquei. Não teve engenheiro, eu mesmo que fiz”, conta, orgulhoso.

O catador de recicláveis Lúcio Barbosa, de 58 anos, construiu e mobiliou sua casa com o trabalho de reciclagem (Foto: Reprodução/TV Globo)O catador de recicláveis Lúcio Barbosa, de 58 anos, construiu e mobiliou sua casa com o trabalho de reciclagem (Foto: Reprodução/TV Globo)

O catador de recicláveis Lúcio Barbosa, de 58 anos, construiu e mobiliou sua casa com o trabalho de reciclagem (Foto: Reprodução/TV Globo)

O piso branco da casa é um grande mosaico formado por partes de cerâmicas encontradas em restos de obras, que também cobrem o sofá. “Todo bonitinho, tudo do jeito que eu estava querendo”, afirma Lúcio.

A cozinha, no estilo americano, também conta com muitos eletrodomésticos reciclados. A geladeira e o exaustor do fogão, por exemplo, foram encontrados no lixo.

Já os tijolos usados na construção foram doados pelo gerente comercial Gustavo Henrique, que se solidarizou com a história de Lúcio após assistir à reportagem do Bom Dia Pernambuco e doou cerca de 3 mil tijolos. O fogão e as portas da casa também foram presentes que Lúcio recebeu.

A criatividade e o dinheiro que ganha com a reciclagem também ajudaram nesse processo. Para fazer as almofadas do sofá, Lúcio usou uma cortina que encontrou no lixo e pagou uma costureira para finalizar. E os bancos que integram a cozinha foram feitos com ferros reciclados e assentos de madeira, única parte que ele encomendou.

Ex-morador de rua e catador de recicláveis constrói casa de alvenaria e mobília com móveis achados no lixo, em comunidade na Zona Sul do Recife (Foto: Reprodução/TV Globo)Ex-morador de rua e catador de recicláveis constrói casa de alvenaria e mobília com móveis achados no lixo, em comunidade na Zona Sul do Recife (Foto: Reprodução/TV Globo)

Ex-morador de rua e catador de recicláveis constrói casa de alvenaria e mobília com móveis achados no lixo, em comunidade na Zona Sul do Recife (Foto: Reprodução/TV Globo)

Depois de 18 anos morando na rua e com dependências químicas, Lúcio decidiu lutar pela casa própria. Em pouco mais de um ano, ele conseguiu construir tudo isso. “Todo mundo que chega aqui em casa diz ‘eu não acredito que você fez isso’. Eu que fiz, com a graça de Deus. Eu to na paz. Não vivo aquela vida que eu vivia antes, era uma vida muito sofrida”, conta Lúcio.

O sonho de Lúcio agora é construir a frente da casa e criar um quarto de oração, lugarzinho que ele já apelidou de “Casa de Guerra”. “É só ter força de vontade e coragem e agradecer muito a Deus, para ter aquilo que você está precisando, que você quer na sua vida”, afirma.

História inspiradora

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Durante 18 anos, Lúcio morou na rua, se embriagou e usou drogas. Nesse período, ele foi humilhado por muitas pessoas e sempre sonhou em ter sua casa própria, onde pudesse descansar. Com muita força de vontade, o catador encontrou na reciclagem uma maneira de tomar as rédias da própria vida e conseguiu construir uma casa de madeira na comunidade Irmã Dorothy, em Boa Viagem. 

Aos poucos, conseguiu mobiliar a casa com geladeira, fogão, cama, guarda-roupas. Todos os móveis foram recolhidos do lixo e reaproveitados para uso. Com a reciclagem, diariamente, ele anda de 12 a 15 quilômetros por dia. Na camisa, ele estampa o gosto pela profissão que mudou sua vida. “Catador com muito orgulho!”.

 Fonte: G1