O quarto dia de protesto dos caminhoneiros contra o preço do diesel, nesta quinta-feira (24), começou com menos ônibus nas ruas da Região Metropolitana do Recife, parte dos postos fechados por falta de combustível e aumento de preço nos produtos vendidos no Centro de Abastecimento e Logística de Pernambuco (Ceasa-PE). Há pontos de protesto em rodovias do estado.
A equipe da TV Globo circulou por postos de combustível no Recife e em Olinda. Muitos deles fecharam por falta tanto de álcool, quanto de gasolina. Em alguns, o combustível terminou na manhã desta quinta-feira. Nos que ainda tem combustível, como no bairro de Jardim Atlântico, em Olinda, há registro de longas filas.
Transporte público
O desabastecimento também afetou o transporte público. Na quarta, houve a diminuição de 8% nas viagens. Com ainda menos ônibus nas ruas nesta quinta, paradas de ônibus lotadas e poucos veículos circulando nas ruas são cenário comum em toda a Região Metropolitana do Recife. Passageiros reclamam da demora para a chegada dos ônibus e da superlotação dos veículos.
No Terminal Integrado de Joana Bezerra, na área central do Recife, filas enormes se formaram em diversas paradas de ônibus. A chegada e a saída dos veículos é marcada por confusão, superlotação e tumulto. Organizadores trabalham no local para organizar as filas.
No Terminal Integrado Pelópidas Silveira, no município de Paulista, não havia circulação de BRT. Pouco antes das 8h, passageiros enfrentaram fila já na entrada do terminal.
Segundo o Grande Recife Consórcio de Transporte, a frota de ônibus fica reduzida a 50% ou menos das 8h às 16h desta quinta, o que classificu como “inevitável redução”.
De acordo com a empresa, a medida acontece para que no horário de pico, a partir das 16h, os ônibus consigam circular e levar os trabalhadores de volta para casa. No Terminal Integrado de Joana Bezerra, mesmo fora do horário de pico, a frota teve redução de 30%.
Ainda de acordo com o consórcio, ontem a noite algumas empresas tinham menos de 10% da capacidade de reabastecimento da frota e amanheceram em uma situação complicada.
Se a situação não mudar até o fim da tarde, pelo menos quatro empresas devem paralisar completamente o funcionamento por falta de combustível. Nesta manhã, o grupo realiza uma reunião sobre o assunto.
Ainda segundo o órgão, normalmente, um ônibus de linha utiliza 150 litros de gasolina para circular o dia inteiro. Na quarta, a quantidade foi reduzida para 80 litros. Para esta quinta, ainda é incerto a quantidade de litros que cada veículo terá disponível.
Diariamente, os 2,5 mil veículos realizam 25 mil viagens.
Segundo o Sindicato dos Rodoviários, o dia teve início com apenas 30% da frota nas ruas, porcentagem similar aos dias de greve de ônibus. Ainda segundo com a categoria, ao longo da quarta-feira (23), muitos veículos pararam no meio da rota, após ficarem sem combustível.
Por causa da redução da operação do transporte público na região, a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e a Universidade de Pernambuco suspenderam as aulas e o expediente administrativo até o meio-dia da quinta. As unidades de ensino devem se pronunciar sobre o expediente da tarde no fim da manhã.
Alimentos
O desabastecimento de combustível também afeta a chegada de alimentos no Centro de Abastecimento e Logística de Pernambuco (Ceasa), no bairro do Curado, na Zona Oeste do Recife.
De acordo com o presidente do Ceasa, até as 7h30, nenhum dos 40 caminhões de laranja pera, previstos para esta quinta, tinham chegado ao centro. De laranja mimo, apenas dois caminhões abasteceram o centro. O movimento no local também é menor que o usual.
Segundo o presidente do centro, até o momento, não há alimentos em falta no local, mas a pouca quantidade de alguns tipos de alimentos fez o preço subir. Cebola, melancia e melão são alguns dos alimentos que possuem poucas unidades no centro. “Alguns alimentos estão em baixa quantidade, por exemplo, a cebola. Se não retomarmos a distribuição, certamente faltará.
Seguindo o raciocínio de oferta e procura, o preço de muitos alimentos perecíveis, como frutas e verduras, subiu muito nesta quinta. De acordo com o Ceasa, alguns deles tiveram aumento de até 300%, como é o caso do quilo da batata inglesa, que subiu de R$ 2 para R$ 8.
O quilo de tomate também teve reajuste, de R$ 2,50 para R$ 4. A caixa de maracujá teve acréscimo de R$ 0,50, e está sendo vendida a R$ 4. Além disso, o quilo da cenoura subiu de R$ 3 para R$ 4,50.
A Associação Pernambucana de Supermercados (Apes) informou que o setor de hortifrúti está sentindo os reflexos no abastecimento de alimentos perecíveis. Segundo o órgão, os supermercados estão abastecidos para até o final desta semana e só deve perceber algum reflexo a partir da próxima semana.
Bloqueios
Segundo a Polícia Rodoviária Federla (PRF), ainda existem vários pontos de bloqueio em todo o estado. Na Região Metropolitana do Recife, os caminhoneiros interditam parcialmente a BR-101, no quilômetro 50, em Abreu e Lima, nas imediações do Açaí e no quilômetro 83, em Jaboatão dos Guararapes, nas proximidades da fábrica da Vitarella.
Nos dois pontos, a via não está totalmente interditada. Uma faixa da rodovia está liberada para a passagem de veículos.
Há ainda, um bloqueio no quilômetro 83 da BR-408, no município de Paudalho. A via está interditada nos dois sentidos, com pneus em chamas.
Serviços públicos
A Polícia Militar informou que, mesmo com a crise na distribuição de combustível, não houve redução no policiamento ostensivo motorizado. Em nota, a corporação disse que, caso haja uma demora na resolução do problema, “já foi traçado um plano logístico alternativo para o abastecimento das viaturas, de maneira a assegurar a presença nas ruas de nossos policiais”.
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) informou que o serviço está funcionando normalmente no Recife. Por meio de nota, o órgão afirmou que todas as viaturas do Samu, inclusive as reservas, estão abastecidas. Também foi montado um plano de emergência para não restringir a frota.
Fonte: G1 nordeste