Na tentativa de recuperar móveis, eletrodomésticos e pertences pessoais, moradores se arriscam sob os escombros e o risco eminente de mais um desabamento no prédio que rachou no meio em Jardim Fragoso, em Olinda. No local, a Defesa Civil do município defende a demolição emergencial da construção. (Veja vídeo acima)
Os moradores contam que o prédio começou a apresentar os sinais de um possível desabamento no sábado (5), quando surgiram as primeiras rachaduras e estalos na estrutura. Com medo, eles abandonaram o local. O prédio rachou no meio por volta das 21h30 da quinta-feira (10).
Mesmo interditado pela Defesa Civil de Olinda há cerca de 15 anos, o edifício Agave tem três pavimentos. É do tipo caixão, quando a edificação não possui pilares de sustentação. Os engenheiros denominam esse tipo de construção como alvenaria estrutural.
Ele estava ocupado no térreo e nos dois andares por seis famílias. “Ouvi um forte estrondo e me assustei, mas tive medo de sair de casa porque não sabia o que era”, contou a aposentada Sônia Assis.
As famílias que abandonaram o prédio que rachou se alojaram em outra construção próxima, que também está desocupado devido riscos estruturais. Entre elas, está a dona de casa Luana Santos, que admite saber do perigo, mas que não têm para onde ir.
“Ele [Agave] a estalar na madrugada do sábado [5] e ao longo do dia começou a rachar sem parar. Nós tivemos que sair às pressas de lá e vir para cá. Era o único lugar em vista. São muitas famílias e não temos para onde ir”, lamentou a dona de casa.
O medo dos moradores ao redor é que ele bata no edifício vizinho e cause um efeito dominó, quando um derruba o outro em sequência. São seis blocos no conjunto, todos com os mesmos problemas.
“Eu não tenho para onde ir, nem eu nem os moradores que moram lá [no Agave]. Não tem para onde ir e, por isso, voltamos para os prédios”, disse a manicure Patrícia Carla. De acordo com a Defesa Civil, há mais de trinta blocos interditados em Jardim Fragoso. Na cidade de Olinda são 60 prédios.
“Vai fazer dois anos que sai daqui. Na época, estava limpando a parte de traz do prédio quando notei uma pequena rachadura. Com dois meses, eu vi ela se abrindo. Foi aí que resolvi sair daqui com a minha família e alugar uma casa porque eu não ia arriscar a vida dos meus filhos e a minha”, lembrou o vigia José Ramos.
Na manhã desta sexta, técnicos da Defesa Civil de Olinda começaram a fazer o laudo. O objetivo é embasar os documentos que serão enviados ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e aos responsáveis pela edificação, que está escorada em uma edificação vizinha. Na rua, eletrodomésticas como micro-ondas e aparelhos de som eram amontoados a medida que iam sendo retirados do prédio.
“O risco ainda é eminente de desabamento. O pessoal está entrando de maneira irregular, mas já acionamos os responsáveis e eles estão vindo para nos dar esse apoio de impedir a entrada. Vamos ver uma maneira mais segura possível de recuperar os pertences e documentos dos moradores. Para demolir não é só a prefeitura. As seguradoras também precisam dar o aval delas”, concluiu o diretor de engenharia da Defesa Civil do município, Anderson Borba.
Fonte: G1