Economia do Ceará mostra leve avanço de 0,14% em abril

A economia cearense registrou uma leve variação positiva de 0,14% na passagem de março para abril, de acordo com dados dessazonalizados (ajustados com base em fatores típicos de determinadas épocas do ano) do Índice de Atividade Econômica referente ao Estado (IBCR-CE), divulgado na sexta-feira (16) pelo Banco Central (BC). O indicador, considerado como prévia do Produto Interno Bruto (PIB), mostra que a atividade econômica do Ceará teve um desempenho pior que a média nordestina (IBCR-NE), que registrou avanço de 2,59%, nessa mesma base de comparação.

Já no comparativo entre abril deste ano e igual mês de 2016, a economia cearense sofreu uma queda de 4,48%, na série observada, isto é, sem ajustes. O tombo do Estado se contrapôs ao avanço de 3,61% registrado na média nordestina.
O economista Allisson Martins acredita que a variação positiva de 0,14% obtida pelo Ceará na passagem de março para abril é pontual e ainda não representa um sinal claro de recuperação da economia do Estado.

“Isso pode ser um impacto de algo absolutamente sazonal, decorrente, por exemplo, da retirada dos saques das contas inativas do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). Isso não replicou de uma forma que compensasse a queda no primeiro quadrimestre deste ano”, diz.

Quadrimestre

No acumulado dos quatro primeiros meses deste ano, o IBCR-CE teve queda de 3,13% frente a igual período do ano passado, segundo dados observados. Martins lembra que o Nordeste e o Brasil também apresentaram quedas no período, só que em menor magnitude: 0,43%, 0,44%, respectivamente.

Para ele, o resultado negativo do Ceará no acumulado deste ano está relacionado com os números nos setores de comércio varejista e serviços, que caíram 7,1% e 2,5% no primeiro quadrimestre, respectivamente, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Esses dois segmentos, lembra ele, possuem peso relevante na atividade econômica do Estado. “Não podemos esquecer o setor estratégico da nossa economia, a indústria, que recuou 2,9% no primeiro quadrimestre e apresentou retração em 5 dos 9 ramos industriais pesquisados”, acrescenta o economista.

12 meses

No acumulado dos últimos 12 meses, o desempenho do Estado (-3,67%) também foi pior que a média nordestina (-2,95%). Ao analisar o ano encerrado em abril, Allisson Martins analisa que ainda há um “cenário econômico ainda adverso, onde a recuperação do nível de atividade vem ocorrendo de forma lenta e desequilibrada, tanto entre os estados, quanto nas atividades econômicas. No Brasil, o indicador demonstra recuperação mais intensa, enquanto que no Ceará, especialmente nos últimos dois meses, a retomada da economia apresenta mais dificuldades”.

Em relação a outros estados da Região Nordeste, Martins afirma que o Ceará “encontra-se comparativamente em situação melhor, enquanto que a Bahia, estado que possui maior peso econômico, registra complicações mais evidentes no processo de retomada, sobretudo na indústria, que apresenta retração de 8,4% nos últimos 12 meses”, afirma o economista.

Previsão

Ao projetar o cenário dos próximos meses, economista arrisca que, apesar da resiliência da crise, “espera-se que o nível de atividade do Ceará, apresente trajetória ascendente, em razão da melhora de alguns indicadores, como os indicadores de confiança em alta, inflação e juros em queda”. Além disso, o segundo semestre tradicionalmente tem uma atividade econômica mais intensa em comparação com o primeiro, sinaliza o economista.

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