Interior lidera criação de empregos formais

São Paulo/Fortaleza. A corrida pela retomada do emprego no Brasil é liderada com folga pelas cidades do interior. Dados do Ministério do Trabalho mostram que 95,8% das vagas geradas em abril, em nove dos maiores Estados brasileiros, vieram do interior. No Ceará, a maior parte das cidades que tiveram saldo positivo na criação de empregos em abril fica no Interior. O desempenho do mercado de trabalho desses municípios ajudou a desacelerar o avanço do desemprego no Estado.

Entre as cidades cearenses com mais de 30 mil habitantes que tiveram os melhores resultados em abril, destaque para Missão Velha, a cerca de 511 quilômetros de Fortaleza, onde o saldo de empregos formais ficou positivo com 229 vagas. Em seguida, aparecem Caucaia, na região metropolitana, com saldo de 221 postos formais de trabalho; e Barbalha, na região do Cariri, a aproximadamente 536 quilômetros da Capital, com saldo positivo de 212 empregos com carteira assinada.

A criação de postos de trabalho nesses e em outros municípios do interior cearense não impediu que o Estado registrasse um saldo negativo de 675 vagas em abril deste ano, mas ajudou a frear o a velocidade de crescimento do desemprego, tendo em vista que, em abril de 2016, o Ceará perdeu 2.266 empregos.

No Brasil, o saldo ficou positivo em abril deste ano, quando houve a criação de 59.856 vagas de trabalho formal, a maioria criada nas cidades do interior. Somados, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo foram responsáveis pela criação líquida de 50,2 mil empregos no mês passado. Desses novos postos de trabalho, 48,1 mil foram no interior e só 2,1 mil vieram das regiões metropolitanas. Os dados do Ministério do Trabalho revelam que o motor interiorano tem força especialmente no Sudeste e Sul. Só no interior paulista foram registrados 24,9 mil novos empregos, número quase cinco vezes maior que os 5,2 mil postos abertos na região metropolitana. O mesmo fenômeno aconteceu de forma ainda mais intensa em outros locais.

Para cada emprego aberto na Grande Belo Horizonte, o interior mineiro teve seis novas vagas. Até mesmo em Estados com perda de emprego, como o Rio de Janeiro o interior aparece em situação melhor: enquanto o interior fluminense gerou 1,2 mil vagas, a cidade do Rio perdeu 3,8 mil empregos em abril.

Para o pesquisador da área de economia aplicada da Fundação Getulio Vargas, Bruno Ottoni, os números mostram que o interior ganhou dinâmica própria e não fica mais a reboque da economia das capitais. “A economia brasileira tem apresentado essa saída das grandes cidades com redução da importância das capitais no crescimento do País”, diz.

Setores

Em abril, a geração de empregos foi observada em sete dos oito ramos da economia acompanhados pelo governo. O segmento de serviços liderou a abertura de vagas, com 24,7 mil novos empregos. Serviços médicos e odontológicos, transportes e comunicações e ensino foram os ramos que mais contrataram.

Em seguida aparecem agropecuária (14,6 mil vagas), indústria de transformação (13,6 mil postos) e comércio (5,3 mil empregos). O único setor que fechou empregos foi a construção civil, com 1,7 mil demissões.

diario do nordeste