Tradição e fé marcaram o centenário da Procissão do Fogaréu em Oeiras, a 313 km de Teresina. A maior manifestação religiosa do Piauí reuniu cerca de cinco mil fiéis na noite desta quinta-feira (13) nas principais ruas da cidade, segundo a Pastoral da Igreja Católica.
O cortejo luminoso feito somente por homens relembra a perseguição dos soldados romanos à Jesus Cristo e simboliza os últimos dias de vida dele antes da crucificação. No ato litúrgico, os fiéis saíram em procissão levando tochas acesas e durante a passagem as lâmpadas da cidade eram apagadas e a iluminação era feita apenas pelas lamparinas.
O Fogaréu saiu por volta das 21h da Catedral de Nossa Senhora da Vitória, com os penitentes cantando hinos de louvor ao som da matraca e percorre as ruas do centro histórico de Oeiras, retornando ao ponto de partida. Enquanto isso, as mulheres acompanharam a cerimônia das calçadas e janelas. Já as mais idosas rezavam dentro de casa e na igreja.
A cerimônia reuniu fiéis de várias cidades piauienses e de outros estados e faz parte do calendário da Semana Santa mais tradicional do estado. A fé que é passada de pai para filho, como é o caso de Francisco das Chagas Menezes, de 66 anos. Ele já adulto aprendeu em casa a participar da tradição.
“São 36 anos de procissão. Já aprendi a participar com o meu pai depois de casado. Antes dele falecer, me trouxe para o cortejo e eu nunca mais deixei. Eu me senti tão bem depois da procissão, que todo ano quero participar. A gente esquece os problemas durante a caminhada, só pensa nas coisas boas e vai agradecendo”, comentou.
Quem não perde também uma procissão é o aposentado Pedro Nascimento, 68 anos, que há 50 anos participa do evento e passou a tradição para toda a família. “Durante todo o ano a minha família se programa para participar da procissão. Vem gente de Floriano, Teresina, todo canto só para este momento”, contou.
Religioso, Francisco Expedito percorre os 2 km de cortejo a mais de 30 anos, mas nos últimos nove anos a participação é para agradecer a vida do filho José Francisco da Silva. O pai conta que os médicos não deram nenhuma chance de sua mulher engravidar e quando a mesma conseguiu, o casal deve que escolher entre a vida dela e a do filho.
“Eles falaram que tinham que escolher e eu escolhi os dois e a fé. Fiz a promessa de quando tiver vivo vou participar da procissão com o meu filho. No primeiro ano eu o trouxe no colo e todo ano ele vem comigo”, revelou.
Na volta, no adro da catedral, os romeiros assistiram ao sermão do padre Juarez, pároco da Catedral de Nossa Senhora da Vitória. Além da Procissão do Fogaréu, o calendário destaca ainda as procissões do Senhor Morto, na Sexta-Feira da Paixão, e a do Senhor Ressuscitado, no Domingo da Ressurreição.
g1