A Violência contra as mulheres em Pernambuco aumentou, conforme revelam os dados da Secretaria de Defesa Social (SDS). Durante o ano de 2016, foram contabilizados 50.042 casos de agressão às mulheres no estado, 1.205 casos a mais que o registrado em 2015. As estatísticas continuam alarmantes em 2017: nos dois primeiros meses deste ano, 58 mulheres foram assassinadas em Pernambuco, o que representa 13 homicídios a mais em comparação com os meses de janeiro e fevereiro de 2016. (Veja vídeo acima)
A polícia orienta que as vítimas devem procurar uma delegacia para fazer a denúncia contra os agressores. Foi o que fez uma dessas vítimas da violência contra as mulheres em Pernambuco nesta quarta-feira (8), data em que é comemorado o Dia da Mulher. Ela, que prefere não ser identificada, contou, em entrevista à TV Globo, que o melhor presente que poderia receber era ter a sua liberdade reconquistada.
Segundo ela, o casamento acabou há seis anos, mas as agressões continuaram. Apesar de ter uma medida protetiva de afastamento do ex-marido, ele nunca a cumpriu nem saiu de casa. A vítima revela viver machucada, humilhada e com medo.
“Sofri muito e ainda sofro. Era agressão verbal e física também. Ele já veio dar em mim. Se eu saí para trabalhar, quando eu chegava, de tudo que não presta ele me chamava. Às vezes, até a feira que eu botava dentro de casa, ele jogava fora. Eu tinha pena dele e tinha medo. Eu achava que era o meu mundo ali porque não tinha família por perto”, afirmou.
Na Delegacia da Mulher do Recife, foram registrados 441 boletins de ocorrência apenas em fevereiro deste ano. Nela, os armários estão cheios de inquéritos: são 14 mil em andamento. “No caso de um flagrante, quando o crime acabou de acontecer e a gente tem notícia desse crime, o policial deve autuar em flagrante esse agressor. No caso da prisão preventiva, como autoridades policiais, nós solicitamos à juíza e ela analisa a possibilidade de fazer essa prisão ou não”, explica a delegada Ana Elisa Sobreira.
Como denunciar
No Centro Integrado de Operações de Defesa Social (Ciods), 520 mulheres têm o telefone cadastrado. Quando elas ligam para o número 190, os atendentes passam a ocorrência para o comando de área e é emitido um alerta vermelho. Por dia, de 100 a 150 mulheres pedem socorro por esse canal de comunicação. No fim de semana, a média aumenta para 200. “O tempo médio é, em torno de 7 minutos, para a viatura chegar até o local onde foi solicitada”, afirma o gerente-geral do Ciods, Coronel Paulo Cabral.
As mulheres vítimas de violência também podem fazer denúncias pelo número 180, que é um Disque-denúncia nacional, ou para a ouvidoria da mulher, no número 0800.2818187. Em ambos os casos, o atendimento é 24 horas.
“A gente sugere que ela se encoraje, que ela procure ajuda se não conseguir vir sozinha, pedir a ajuda de uma amiga ou de um familiar para que ela rompa esse ciclo, porque a tendência dele é piorar”, orienta a delegada Ana Elisa Sobreira.
g1